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PRESSÃO DE ATIVISTAS

Colômbia restringe caça de capivaras, mas luta por sua proteção total continua

A pressão do povo deteve a caça do maior roedor do mundo, mas várias contradições do Ministério do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável e a existência de criadouros legais mantêm em alerta os defensores dos animais.

17 de julho de 2025
Robinson Enciso
4 min. de leitura
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Foto: Ilustração | Pixabay

Após semanas de indignação social, denúncias públicas, pronunciamentos de congressistas e a convocação de um protesto em defesa do chigüiro, o Ministério do Meio Ambiente da Colômbia, liderado pela ministra Lena Estrada, anunciou na rede social X que não permitirá a caça comercial desta espécie emblemática. O anúncio foi celebrado por diversos setores da sociedade, embora não sem ceticismo.

Com uma declaração contundente, Robinson Enciso, chefe de projetos de proteção animal da AnimaNaturalis Colômbia, expôs a ambivalência na proteção da fauna silvestre no país: “O gigante nobre da savana está protegido… pela metade”, afirma Enciso. “Aplaudimos que essa prática brutal tenha sido descartada, mas é preocupante que, há poucas semanas, o próprio Ministério tenha publicado um comunicado em sua página oficial promovendo uma resolução com cotas de caça. Agora dizem que não é assim.”

E, de fato, embora a ministra tenha declarado recentemente que “não existe nenhuma resolução em trâmite nem interesse em habilitar a caça comercial do chigüiro”, em contraste, no dia 12 de junho, o próprio Ministério havia publicado um comunicado oficial afirmando:
“Na elaboração do rascunho da resolução, foram convocados especialistas para analisar aspectos relacionados à iniciativa normativa, garantindo seu alinhamento com as diretrizes da política de bem-estar animal. O aproveitamento sustentável do chigüiro não deve ser visto como uma ameaça, mas como uma oportunidade de conservação. A normativa proposta não promove uma caça descontrolada; pelo contrário, ao estabelecer uma cota global, seria definido um limite máximo de aproveitamento…”.

Esse comunicado foi posteriormente excluído do site institucional, o que gerou desconfiança entre os defensores da causa.

Uma espécie-chave e senciente, como todos os animais

O chigüiro (também conhecido como capivara, carpincho ou ponche) é o maior roedor do mundo e uma espécie-chave nos ecossistemas da Orinoquia colombiana. Habita corpos de água doce, como rios e pântanos, onde contribui para a biodiversidade e o equilíbrio ambiental. É um animal herbívoro e altamente sensível, que forma grupos familiares e coopera em atividades como o cuidado das crias e a defesa contra predadores.

Atualmente, tornou-se popular no mundo por seu caráter sociável, tranquilo e amigável com outras espécies — mas essa fama também o coloca em perigo, pois muitos querem tê-lo como animal de companhia, ignorando suas necessidades naturais e prejudicando seu bem-estar.

De acordo com o próprio Ministério do Meio Ambiente, os direitos da espécie são reconhecidos pelas normas colombianas. Nesse contexto, permitir sua caça comercial, mesmo com critérios de “aproveitamento sustentável”, é incompatível com os princípios do bem-estar animal, como reconheceu uma mesa técnica convocada pelo Ministério em junho.

No entanto, os antecedentes deixam muitas perguntas sem resposta. Em 2001, uma decisão do Conselho de Estado ordenou ao governo colombiano que elaborasse um modelo de manejo sustentável do chigüiro, o que gerou estudos técnicos por mais de duas décadas. A ministra argumentou que esse processo estava sendo mal interpretado, politizado, e que há diferenças entre “aproveitamento comercial” e “caça” — o que é contraditório, dada a realidade no campo. Além disso, afirmou que não havia nenhum rascunho normativo em andamento, mas as publicações apagadas e a ambiguidade da linguagem oficial aumentaram a desconfiança de organizações como a AnimaNaturalis.

O alerta continua: criadouros e exploração legal

Embora o anúncio oficial de que a caça comercial não será permitida tenha detido, por enquanto, um ataque direto aos chigüiros, o problema persiste. Existem na Colômbia criadouros legais de chigüiros que operam sob o modelo de “zoocria” com fins comerciais, onde esses animais são mantidos em cativeiro para consumo humano ou venda de suas peles. Esse modelo de exploração, embora aparentemente legal, levanta sérias preocupações éticas e de bem-estar animal.

“Mantemo-nos em luta não apenas contra a caça em estado silvestre, mas também contra os sistemas de exploração legal que reduzem esses animais a meros produtos de mercado”, declarou Derly Florez, diretora da AnimaNaturalis Colômbia. “Não podemos permitir que a pressão de setores econômicos prevaleça sobre o respeito à vida silvestre. A dignidade do chigüiro não é negociável.”

Diversos relatórios denunciaram o comércio de carne de chigüiro nos Llanos Orientales e em Bogotá, o que também foi reconhecido pela ministra Estrada, que pediu mais controle contra essa prática. No entanto, a existência de criadouros legais mantém a porta aberta para a normalização do consumo, alimentando o mercado — mesmo sob um suposto manto de legalidade.

Um chamado à ação

O recente posicionamento do Ministério do Meio Ambiente representa uma vitória importante, mas não definitiva, para os defensores dos animais. As contradições na comunicação oficial, a falta de transparência nos processos normativos e a existência de criadouros legais exigem que a vigilância cidadã permaneça ativa.

A AnimaNaturalis está pedindo às autoridades ambientais que revisem o modelo de zoocria aplicado ao chigüiro e outras espécies silvestres, excluindo-as da exploração e promovendo uma abordagem verdadeiramente ética, respeitosa e alinhada com o status legal dos animais como seres sencientes.

Convidamos a sociedade a permanecer informada, levantar a voz contra qualquer ameaça à fauna silvestre e unir-se às nossas campanhas em defesa de todos os animais. Porque um país que protege sua fauna é um país que se respeita.

Traduzido de AnimaNaturalis.

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