O petroleiro MV Stena Immaculate, carregado com combustível de aviação para o governo dos Estados Unidos, foi atingido pelo cargueiro Solong, de bandeira portuguesa, no último domingo (10), ao largo da costa leste da Inglaterra. Desde então, parte do combustível começou a vazar no mar, enquanto incêndios ainda atingem ambas as embarcações. O impacto ambiental do acidente ainda é incerto, mas especialistas temem danos severos à biodiversidade da região.
A Agência Marítima e a Guarda Costeira do Reino Unido estão avaliando as ações necessárias para conter a poluição. Dados da plataforma de rastreamento MarineTraffic indicam que o petroleiro transportava cerca de 140 mil barris de querosene de aviação, um combustível de difícil evaporação e altamente tóxico para a vida marinha.
Para cientistas e ambientalistas, o risco vai além do vazamento de combustível. “Autoridades precisam agir com urgência para conter a liberação de substâncias tóxicas e evitar um desastre ambiental”, alerta Paul Johnston, cientista sênior dos Laboratórios de Pesquisa do Greenpeace na Universidade de Exeter, à EuroNews. Ele ressalta ainda que a proximidade com áreas de preservação torna a situação ainda mais preocupante.
Inicialmente, havia temor de que o cargueiro Solong estivesse transportando cianeto de sódio, um composto químico altamente tóxico. No entanto, a empresa alemã Ernst Russ, proprietária da embarcação, afirmou que os contêineres que antes armazenavam a substância estavam vazios. Apesar disso, a companhia garantiu que seguirá monitorando a carga para evitar riscos adicionais.
Enquanto equipes de emergência tentam conter os danos, grupos ambientais já organizam ações para mitigar os impactos na fauna marinha. A organização Cleethorpes Wildlife Rescue, localizada próxima ao Estuário Humber, adaptou seus protocolos para atender animais afetados e criou uma linha direta para emergências. “Pedimos que a população não tente resgatar os animais por conta própria. O contato com o óleo pode agravar a situação”, informou a entidade à EuroNews
O incidente também reacendeu o debate sobre os riscos do transporte de combustíveis fósseis. “Este evento mostra, mais uma vez, que derramamentos de petróleo ocorrem em qualquer lugar onde a indústria opera, seja extraindo do fundo do mar ou transportando pelo mundo”, declarou Hugo Tagholm, da ONG Oceans Rebellion.
Além dos impactos ambientais diretos, moradores e ativistas temem prejuízos econômicos para a pesca comercial e a indústria de mariscos na região. Para Tagholm, o desastre evidencia a urgência de uma transição energética. “Não podemos ignorar os danos causados por essa indústria. Precisamos encerrar a era dos combustíveis fósseis e construir um futuro sustentável baseado em energia limpa e renovável.”
Fonte: Um Só Planeta