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CRUELDADE

Coletes infantis feitos de pele de gatos são vendidos como pelo falso na Austrália

Investigação expõe falhas na fiscalização e rotulagem enganosa, com gorros de raposa e cão-guaxinim também vendidos como sintéticos.

24 de junho de 2025
Júlia Zanluchi
4 min. de leitura
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Foto: Collective Fashion Justice

Coletes infantis fabricados com a pele de gatos foram encontrados à venda em Melbourne, expondo mais uma vez a indústria cruel e enganosa de peles animais. A descoberta, feita em uma loja da rede Suttons UGG, reforçou os apelos de ativistas pela proibição total do comércio de peles na Austrália, um mercado que frequentemente esconde a origem sangrenta de seus produtos sob falsas etiquetas.

A investigação, conduzida pelo Partido da Justiça Animal (Animal Justice Party) e pelo grupo Collective Fashion Justice, revelou que o casaco, vendido como 100% “pele de ovelha australiana ou lã australiana”, era, na verdade, feito de peles de gatos e coelhos. Dois gorros com pompons, rotulados como “100% acrílico”, também foram testados e confirmados como sendo de pele de raposa e cão-guaxinim – animais frequentemente esfolados vivos em fazendas de peles na China e em outros países.

Foto: Collective Fashion Justice

Os produtos estavam sendo vendidos abertamente em uma loja da Suttons UGG e no Queen Victoria Market, mostrando como a falta de fiscalização permite que peles de animais brutalmente explorados cheguem às prateleiras australianas.

A deputada do Partido da Justiça Animal pelo norte de Victoria, Georgie Purcell, pediu a proibição da venda de peles. “A mensagem da comunidade não poderia ser mais clara – peles estão fora de moda. Seja de gato, cachorro, coelho ou raposa – a única constante é que tudo é cruel”, disse ela. “O tempo da regulamentação já passou. A única coisa que resta a fazer é proibir totalmente as peles, assim como outras jurisdições ao redor do mundo já fizeram.”

Apesar da proibição da importação de peles de gatos e cães desde 2004, a Força Alfandegária Australiana não relatou nenhuma apreensão em mais de 20 anos, um sinal de que a investigação está sendo mal feita. Enquanto isso, consumidores são enganados, comprando produtos que são rotulados incorretamente.

Emma Hakansson, diretora-fundadora da Collective Fashion Justice, disse que esta não é a primeira vez que peles são rotuladas ilegalmente em produtos à venda na Austrália. “Todas as vezes que enviamos peles para teste, o laboratório confirmou que estavam ilegalmente mal rotuladas, e isso acontece há anos”, afirmou.

Ela reforçou que o problema não se resume a peles de animais domésticos. “Enquanto os moradores de Victoria ficarão horrorizados ao saber que há peles de gato sendo vendidas em mercados e shoppings, todas as vendas de peles causam sofrimento inaceitável. Nenhum animal deveria ser morto pela moda”, declarou. “A indústria da moda de Victoria liderou o caminho quando a Melbourne Fashion Week se tornou a primeira do mundo a abolir totalmente o uso de animais selvagens, banindo peles, couros de animais silvestres e penas.”

Um porta-voz da Suttons UGG disse à ABC que o fabricante do colete informou que ele era feito de um “tipo especial de pele”. A empresa não pôde “confirmar 100%” se a pele incluía a de gato.

Ativistas pressionam por uma proibição nacional de todas as peles animais e pelo fim das importações. Enquanto a Austrália não agir, consumidores continuarão financiando, sem saber, uma indústria que tortura milhões de animais por ano.

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