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REVOLTANTE

Cocheiro de Nova York (EUA) é absolvido de acusação de maus-tratos após colapso do cavalo Ryder

25 de julho de 2025
Redação ANDA
3 min. de leitura
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Foto: Reprodução

Em um dia escaldante de agosto de 2022, a cidade de Nova York testemunhou uma tragédia que mobilizou defensores dos direitos animais em todo o mundo: Ryder, um cavalo idoso de 26 anos, colapsou em plena Manhattan após mais de sete horas de trabalho puxando uma charrete, sob forte calor. A cena comovente gerou indignação pública e levou a julgamento Ian McKeever, cocheiro responsável por Ryder, acusado de maus-tratos. No entanto, apesar das evidências e da repercussão do caso, McKeever foi absolvido, reacendendo o debate sobre a fragilidade das leis de proteção animal na cidade.

O episódio gerou comoção principalmente pela condição do cavalo. Exames apontaram que Ryder estava desnutrido, com baixo peso e apresentava problemas neurológicos, agravados pelo calor extremo. Dois meses após o colapso, ele foi sacrificado. A necropsia revelou que Ryder sofria de câncer nos ossos, o que torna ainda mais grave o fato de ter sido forçado a trabalhar. A defesa argumentou que o colapso foi causado por um tropeço ao mudar de faixa, descartando a hipótese de exaustão. No entanto, a opinião pública e grupos de proteção animal reagiram com revolta diante do veredito, especialmente após virem à tona falhas no julgamento.

Um dos principais pontos de crítica foi a falta de transparência durante o processo. O júri não foi informado de elementos centrais da saúde debilitada de Ryder, tampouco sobre a falsificação dos registros veterinários, que ocultavam sua verdadeira idade. Também não souberam que Camilo Sierra, veterinário ligado à indústria de charretes, declarou à imprensa, na época do colapso, que Ryder jamais deveria estar trabalhando naquele dia. Sua condição era tão frágil que o desmaio era previsível.

Organizações de defesa animal, como a NYCLASS, denunciaram publicamente o sistema falho que permitiu a exploração de Ryder até sua morte. Em comunicado, afirmaram que a acusação de “exploração excessiva” usada no julgamento se baseia em um termo vago e antiquado do século XIX, que não tem aplicação clara no contexto atual. A própria atuação do Departamento de Saúde de Nova York foi duramente criticada por aceitar um atestado de saúde “limpo” para Ryder, apesar de sua idade, câncer e evidente desnutrição.

Ativistas agora intensificam os esforços para aprovar a chamada “Lei de Ryder”, uma proposta legislativa que visa reforçar a proteção dos cavalos de charrete, garantir maior fiscalização e responsabilização dos operadores desse tipo de transporte. A proposta enfrenta resistência política dentro da Câmara Municipal, o que tem sido alvo de críticas por parte da sociedade civil.

O caso Ryder expõe as fragilidades estruturais de uma indústria considerada por muitos obsoleta e cruel. Ele também representa a urgência de políticas públicas que coloquem o bem-estar dos animais acima de interesses econômicos. Enquanto cavalos idosos e doentes continuarem a ser explorados nas ruas em nome do turismo e do lucro, a cidade de Nova York — e tantas outras que ainda mantêm esse modelo — continuarão falhando com os mais vulneráveis. A justiça verdadeira, como lembram os defensores dos direitos animais, só será alcançada quando essa exploração for definitivamente encerrada.

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