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MUDANÇAS CLIMÁTICAS

CO2 se acumula na atmosfera mais rápido do que em qualquer outro período da existência humana, diz ONU

O aumento das emissões de gases de efeito estufa provoca impactos significativos no clima global, evidenciando a necessidade urgente de ação climática

4 de novembro de 2024
Redação do Jornal Grande Bahia
4 min. de leitura
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Foto: Ilustração | Freepik

A Organização Mundial de Meteorologia (OMM) divulgou, no dia 28 de outubro de 2024, um relatório que revela o aumento contínuo das concentrações de gases de efeito estufa na atmosfera, destacando a importância da ação climática. O documento enfatiza que o dióxido de carbono (CO₂) representa 65% dos gases de efeito estufa, mas também aponta a relevância do metano (CH₄) e do óxido nitroso (N₂O) nas mudanças climáticas. Um relatório da ONU-Clima solicita aos países que aumentem suas metas climáticas para atender aos objetivos do Acordo de Paris.

Em 2023, as emissões de CO₂, metano e óxido nitroso alcançaram níveis recordes, um reflexo das atividades humanas. O aumento das concentrações desses gases está ligado à queima de combustíveis fósseis e à alteração do uso da terra, como o desmatamento para atividades agrícolas e pecuárias. Segundo a OMM, se essas práticas persistirem, as emissões continuarão a elevar as temperaturas globais.

A OMM alerta que o acúmulo de CO₂ na atmosfera está ocorrendo com uma rapidez sem precedentes na história da humanidade, tendo aumentado 11,4% nos últimos 20 anos. Os níveis de CO₂ em 2023 chegaram a 420 partes por milhão (ppm), um aumento de 51% em relação a 1750, ano da Revolução Industrial. Além disso, fatores como incêndios florestais no Canadá e na Austrália e o fenômeno El Niño, que limitou a capacidade das plantas de absorver CO₂, contribuíram para esse aumento.

O metano também alcançou um nível recorde em 2023, com as áreas úmidas sendo a principal fonte de sua produção, conforme apontam especialistas. Embora a produção de metano seja um fenômeno natural, sua emissão é intensificada em condições de calor, criando um ciclo vicioso que agrava o aquecimento global. O óxido nitroso, por sua vez, tem registrado aumento devido ao uso de fertilizantes nitrogenados na agricultura intensiva.

Celeste Saulo, secretária-geral da OMM, destacou que o aumento contínuo das emissões deve servir como um sinal de alerta para os tomadores de decisão, evidenciando a necessidade de ação imediata para alcançar as metas estabelecidas pelo Acordo de Paris. Em sua análise, a OMM também ressaltou que as concentrações de CO₂, metano e óxido nitroso representam, respectivamente, 151%, 265% e 125% dos níveis pré-industriais.

A questão dos gases de efeito estufa é de extrema relevância, considerando que as concentrações de CO₂ na atmosfera persistirão por décadas, mesmo que as emissões sejam rapidamente reduzidas. A OMM adverte que os impactos de cada fração de aumento nas concentrações de gases têm consequências diretas e significativas para o planeta e para a vida humana. Em 2023, o aumento de 2,3 ppm de CO₂ representa o 12º aumento anual consecutivo superior a 2 ppm, resultado das emissões históricas de combustíveis fósseis.

Ko Barrett, secretária-geral adjunta da OMM, também alertou sobre um círculo vicioso, onde a variabilidade natural do clima interage com a produção de gases de efeito estufa. Mudanças climáticas podem fazer com que os ecossistemas se tornem fontes significativas de emissões, aumentando a liberação de carbono e dificultando a absorção pelo oceano, que, por sua vez, aquece. Essas interações climáticas representam uma preocupação significativa para a humanidade.

Em outro relatório publicado pela ONU-Clima, enfatiza-se a necessidade de que os Estados reajam e iniciem a redução das emissões, uma vez que as estratégias climáticas atuais não são suficientes para prevenir um aumento do aquecimento global. O relatório, que compila os compromissos dos 195 signatários do Acordo de Paris, mostra que as contribuições atuais para a redução de emissões só resultariam em uma diminuição de 10% das emissões até 2030, o que se traduziria em um aquecimento médio de 2,6 °C até o final do século.

Diante desse cenário, a ONU-Clima pede que os países abandonem a abordagem insuficiente e adotem planos de ação climática mais audaciosos. O ano de 2023 foi classificado como o mais quente já registrado, resultando em uma escassez de recursos hídricos em escala global. Dados de 33 anos indicam que os cursos d’água alcançaram níveis de seca sem precedentes, enquanto as inundações aumentaram em frequência e intensidade, refletindo as consequências das mudanças climáticas.

Os relatórios anuais do PNUMA, da OMM e da ONU-Clima são emitidos como um alerta para os Estados e para os tomadores de decisão e são publicados durante a COP16 em Cali, a duas semanas da COP29, que ocorrerá em Baku, no Azerbaijão, entre 11 e 22 de novembro.

Fonte: Jornal Grande Bahia

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