Uma clínica veterinária de Araranguá devolveu um gato, dentro de um saco de lixo, aos tutores, alegando que ele estaria morto. No entanto, prestes a enterrar o animal, o tutor percebeu que o animal ainda estava vivo, lutando para sobreviver. A situação virou caso de polícia.
Conforme reportagem do jornal Correio do Sul, o drama começou na madrugada de domingo para segunda, quando ‘Cinza’, o gato adotado há três anos por um casal morador do Jardim das Avenidas, começou a ter convulsões e sintomas de envenenamento. A jovem tutora passou a madrugada tentando amenizar a dor do bichano, sem muito sucesso, já que não encontrou plantão veterinário.
Só às 8 horas da manhã, de segunda-feira, é que ela conseguiu encontrar uma clínica veterinária aberta. A veterinária medicou o gato, mas não deu muitas esperanças ao casal. Por volta das 14 horas, a tutora recebe um telefonema de uma funcionária da clínica, informando que o gatinho havia falecido, e que o casal deveria ir buscar o corpo, e pagar pelo remédio usado.
O desespero tomou conta da tutora, que lembrou quando há três anos voltava do trabalho e o gato cinza e magrinho estava parado em cima do muro. Ela se aproximou dele, oferecendo comida e um lar. Assim, Cinza foi adotado. “Eu estava mais conformada quando fui buscar o Cinza, porque ele estava sofrendo muito”, comenta. Ao chegar na clínica, a veterinária entregou o gato dentro de uma caixa, num saco plástico preto de lixo, e a conta de R$ 90,00.
Alegria e indignação
O casal pagou, colocou a caixa no porta-malas do carro e foi embora. Já em casa, a mulher disse ao marido que não queria enterrar Cinza dentro de um saco de lixo. Rasgou a sacola e levou um susto: o gato estava vivo! Cinza respirava fracamente e piscava os olhos.
Para o casal, foi um misto de sentimentos. O luto se misturou à alegria de ver o animal vivo, mas ao mesmo tempo se tornou indignação pelo acontecido. Eles botaram o gato no carro e voltaram à clínica. A veterinária respondeu que o animal não estava vivo, que eram apenas espasmos pós-morte.
Os tutores pediram a nota fiscal, mas a veterinária disse que não tinha. A Polícia Militar foi chamada, e dois soldados convenceram a veterinária a entregar não só uma nota, como também um atestado de óbito do gatinho (onde dizia que ele havia falecido às 11h30min) e uma declaração de qual o medicamento utilizado. O casal então foi à Delegacia Central de Polícia Civil e registrou um boletim de ocorrência.
Gato é levado à outra veterinária
Em seguida, levaram o animal a outra veterinária, às 15h30min. “Eles chegaram aqui em estado de choque. Eles puseram o animal no balcão e perguntaram ‘esse gato está vivo?’, e eu respondi que estava vivo”, contou essa segunda veterinária ao Correio do Sul. Imediatamente, o casal pediu a internação do gato.
Segundo essa veterinária, o gato estava com baixa frequência cardíaca e respiratória, além de desnutrição e hipotermia. A temperatura normal de um gato é de 39 graus, e Cinza estava com 32.“Mais uns minutinhos naquele saco, e ele estaria morto… de verdade”, sinalizou a médica. O gato foi para o aquecedor, para o soro e recebeu medicamentos. No final da tarde estava reagindo e forçava as patinhas para ficar de pé.
“Foi negligência total. Alguém acostumado a atender vários casos sem dar atenção adequada acaba se descuidando. Qualquer pessoa, mesmo leiga em cuidados de animais, teria observado que o gato estava vivo, piscando e respirando. Eu nunca vi um caso assim. E o gato é forte, está resistindo até agora”, comenta a veterinária.
Cinza já sobreviveu a um acidente de carro, quando deslocou a mandíbula. Na época, o casal levou o animal a veterinária que o ensacou vivo, e ouviu que ele não teria chances de sobreviver, porque não conseguiria mais se alimentar e morreria de desnutrição. Porém, a tutora o levou de volta para casa e o alimentou por meio de seringa. Em pouco tempo, o gato estava comendo sozinho.
Segundo a tutora, assim que Cinza tiver alta da clínica, vai castrá-lo e tentar impedir que ele seja envenenado novamente. Quanto à negligência médica, o casal vai representar criminalmente contra a profissional e entrar com ação penal.
“Não queremos que ninguém sofra o que sofremos, nem ver os nossos animais, nem os dos outros, passar pela mesma situação”, afirma a cliente, que está aliviada com a sobrevivência do seu amiguinho.
Fonte: Correio do Sul