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AMEAÇA

Clima influencia o sexo dos filhotes de tartaruga e outros fatos para observar durante a temporada de nidificação

Conservacionistas estão avançando na proteção das populações de tartarugas

29 de junho de 2025
Travis Dolynny e Isha Bhargava
3 min. de leitura
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Foto: Travis Dolynny/CBC

Está na temporada de desova de tartarugas em Ontário, e conservacionistas estão trabalhando para proteger espécies ameaçadas e seus ninhos.

“Estamos no pico da temporada de nidificação”, disse Scott Gillingwater, biólogo especializado em espécies em risco da Upper Thames River Conservation Authority (UTRCA), em Londres, Ontário. “A maioria das tartarugas está botando ovos em junho, embora o período possa se estender do final de maio a meados de julho. Com o clima mais frio deste ano, o ritmo parece normal.”

Gillingwater e sua equipe estão em campo, procurando ninhos e realocando ovos de locais vulneráveis, principalmente da tartaruga-de-espinho (spiny softshell turtle), uma espécie ameaçada.

“Elas enfrentam ameaças como perda de habitat, inundações, predadores (como guaxinins e gambás) e até caça ilegal”, explicou ele, às margens do rio Tâmisa. “Incubamos os ovos e soltamos os filhotes na natureza. Essa estratégia tem sido essencial para a recuperação da população.”

Esse esforço já dura três décadas — e está dando resultados. “Nos anos 1990, tínhamos uma população envelhecida. Agora, vemos tartarugas de todas as idades, inclusive fêmeas jovens nidificando pela primeira vez. Para uma espécie que leva 15 a 20 anos para amadurecer, isso é um grande avanço”, comemorou.

Além da tartaruga-de-espinho, a equipe monitora ninhos de tartarugas-nariz-de-porco, tartarugas-mapas e tartarugas-de-Blanding. Atualmente, cerca de 500 ninhos estão em incubação, o que pode representar até 10.000 filhotes.

Mudanças climáticas afetam sexo das tartarugas

Para Kelly Wallace, da Think Turtle Conservation Initiative (que promove educação e recuperação de espécies em Ontário), esta tem sido uma das temporadas mais intensas.

As oscilações de temperatura na primavera atrasaram e encurtaram a janela ideal de desova, concentrando muitos ninhos simultaneamente. Wallace alerta que as mudanças climáticas têm um “efeito dramático” sobre as tartarugas:

“Elas são sensíveis a alterações ambientais — quase um termômetro dos ecossistemas. O sexo dos filhotes depende da temperatura, e com calor excessivo, há mais fêmeas. Isso é preocupante, pois no futuro poderemos ter um desequilíbrio populacional.”

Além disso, muitas tartarugas não chegam à idade reprodutiva devido a atropelamentos e perda de habitat, reduzindo o número de filhotes.

Como ajudar uma tartaruga em movimento?

Se você avistar uma tartaruga cruzando uma estrada:

  1. Só interfira se for seguro. Ajude-a a seguir na direção em que estava indo (a menos que haja perigo, como um canteiro de obras). Nesse caso, leve-a para um habitat seguro próximo.

  2. Ninhos em locais de risco (estradas, canteiros) podem ser reportados no formulário online da UTRCA.

  3. Tartarugas feridas devem ser encaminhadas ao Ontário Turtle Conservation Centre (Peterborough), que as leva a hospitais especializados.

Os ovos resgatados são incubados e, após 60 dias, os filhotes são devolvidos à natureza.

Wallace também destaca iniciativas individuais, como proteger ninhos em propriedades privadas. Se encontrar um filhote, leve-o a um corpo d’água calmo, raso e com vegetação — isso aumenta suas chances de sobrevivência.

Engajamento comunitário faz a diferença

Para Gillingwater, a participação da comunidade é fundamental:

“Cada espécie perdida enfraquece o ecossistema. Nosso trabalho protege a biodiversidade, mas também reconecta as pessoas à natureza. Humanos causaram o declínio dessas populações — agora é nossa responsabilidade reverter isso. E a comunidade está respondendo.”

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