EnglishEspañolPortuguês

AQUECIMENTO GLOBAL

Clima em ebulição: Groenlândia perde 30 milhões de toneladas de gelo por hora, revela estudo

“As mudanças em torno da Groenlândia são tremendas e estão acontecendo por todo lado – quase todos os glaciares recuaram ao longo das últimas décadas”, diz pesquisadora

18 de janeiro de 2024
Redação Um Só Planeta
5 min. de leitura
A-
A+
Foto: Giles Laurent | Wikimedia Commons

aquecimento global está fazendo a calota polar da Groenlândia perder uma média de 30 milhões de toneladas de gelo por hora, 20% a mais do que se pensava anteriormente. A revelação é de um estudo realizado por pesquisadores do Laboratório de Propulsão a Jato do Instituto de Tecnologia da Califórnia, da Universidade Estadual de San José e do Instituto Conjunto de Ciência e Engenharia Regional do Sistema Terrestre da Universidade da Califórnia, todos dos Estados Unidos.

A grande perda de gelo na região como resultado da crise climática já foi registrada décadas atrás. Mas, como relata o The Guardian, as técnicas utilizadas até o momento, como a medição da altura da camada de gelo ou do seu peso através de dados gravitacionais, apesar de serem boas para determinar as perdas de gelo que acabam no oceano e elevam nível do mar, não conseguem explicar o recuo dos glaciares que já se encontram majoritariamente abaixo do nível do mar nos estreitos fiordes ao redor da ilha.

Neste novo trabalho, que foi publicado na Nature, fotos de satélite foram analisadas por cientistas para determinar a posição final de muitos glaciares da Groenlândia todos os meses, de 1985 a 2022. Isto mostrou um encurtamento grande e generalizado e indicou a perda de um bilhão de toneladas de gelo.

“As mudanças em torno da Groenlândia são tremendas e estão acontecendo por todo lado – quase todos os glaciares recuaram ao longo das últimas décadas”, disse Chad Greene, do Laboratório de Propulsão a Jato do Instituto de Tecnologia da Califórnia, que liderou a investigação. “Faz sentido que se você despejar água doce no Oceano Atlântico Norte, certamente haverá um enfraquecimento da Amoc (Circulação Meridional de Capotamento do Atlântico), embora eu não tenha uma intuição de quanto enfraquecimento.”

Amoc é a corrente quente do Atlântico e, segundo pesquisas científicas, tem estado em seu estado mais fraco em 1.600 anos. Em 2021, pesquisadores detectaram sinais de alerta de um ponto de inflexão. Alguns especialistas também consideram que uma parte significativa da própria camada de gelo da Groenlândia está perto de um ponto de inflexão de derretimento irreversível.

Colapso em grande escala

Para chegar ao resultado publicado na quarta-feira (17), os pesquisadores dos Estados Unidos utilizaram técnicas de inteligência artificial para mapear mais de 235 mil posições finais de glaciares ao longo de um período de 38 anos, com uma resolução de 120 metros.

Isto mostrou que o manto de gelo da Groenlândia tinha perdido uma área de cerca de 5.500 quilômetros quadrados de gelo nas suas margens desde 1985, o equivalente a um bilhão de toneladas.

“Há alguma preocupação de que qualquer pequena fonte de água doce possa servir como um ‘ponto de inflexão’ que poderia desencadear um colapso em grande escala da Amoc, perturbando os padrões climáticos globais, os ecossistemas e a segurança alimentar global. No entanto, a água doce proveniente do recuo glaciar da Groenlândia não está incluída nos modelos oceanográficos neste momento”, comentaram os cientistas.

Tim Lenton, da Universidade de Exeter, Reino Unido, e que não faz parte do estudo, disse ao The Guardian que esta entrada adicional de água doce para o Atlântico Norte “é uma preocupação, particularmente para a formação de águas profundas nos mares de Labrador e Irminger no giro subpolar, uma vez que outras evidências sugerem que estas são as regiões mais propensas a serem inclinadas para um estado de ‘desligamento’, ou estado de colapso”.

    Você viu?

    Ir para o topo