Por Patricia Tai (da Redação)
O Circo Cole Bros. está de volta com as suas apresentações em New Jersey, mesmo após ativistas de direitos animais terem delatado o circo por abuso e maus-tratos a animais, e depois de ter respondido a várias acusações. E também está nos noticiários por suposto envolvimento com as autoridades. As informações são do NorthJersey.com.
O Cole Bros., da Flórida, e seu parceiro, o Circo Carson & Barnes de Oklahoma, foram convidados a ajudar a levantar fundos para uma Associação Beneficente de Policiais do município. O Carson & Barnes provê espetáculos com animais para o Cole Bros., que desistiu de sua licença de exibição de animais em 2008.
Um treinador foi filmado no final dos anos 90 dando instruções sobre como fazer elefantes realizarem performances, instruções estas que consistiam em xingamentos ao animal e golpes ao mesmo com choques e “bullhook” (vara com gancho de aço na ponta). Quando uma elefante fêmea chamada Becky cometia algum “erro”, o treinador a perseguia, intimidando-a. O que o treinador fazia muitas vezes ficava obscuro no vídeo, pois o corpo de Becky bloqueava a visão da câmera.
“Não os toque. Machuque-os”, disse o treinador na filmagem. “Faça-os gritar. Se eu dizer pra você arrancar a cabeça deles, arrancar o pé, o que isso significa? É muito importante que você o faça”.
Gerentes do Carson & Barnes se recusaram a comentar, mas recomendaram que os jornalistas falassem com a empresa que “fornece” os animais.
“É horrível. Soa horrível”, afirmou Barbara Byrd, co-proprietária e vice presidente da Miller Equipment and Endangered Art, empresa que “aluga” os elefantes para o Carson & Barnes, a respeito do vídeo. “Mas nós não tivemos nenhum animal machucado. O treinador foi repreendido. Ele foi advertido e não abrirá a boca indevidamente nunca mais”.
Em um comunicado divulgado nesta semana, o PETA chamou a atenção para diversas citações do Departamento de Agricultura americano dirigidas ao Carson & Barnes em 2010 e 2011. O grupo publicou o mesmo comunicado antes da chegada do circo em Livingston e Middletown, em Nova York.
O Governo citou um incidente no qual um elefante, enquanto escapava do circo, caiu em um barranco, e outro em que um inspetor viu um espectador que era capaz de alcançar e tocar um elefante.
“Nós temos sérias preocupações”, declarou Carney Anne Chester, advogada do PETA. “Estes circos têm uma história de abuso e negligência aos animais”.
Barbara não nega que violações tenham ocorrido, mas ela as minimiza. Ela disse que o elefante em questão foi examinado por um veterinário e não estava seriamente ferido, e que o circo agora coloca uma fita amarela restringindo acesso a áreas onde os animais estão sendo atendidos. “Não foi nada”, concluiu.
Ela ainda acrescentou que o circo fará mudanças para assegurar que a violação não ocorra novamente.
Pedro Gongora, da polícia local, disse que tem estado nos bastidores do circo de Garfield nos últimos cinco anos e nunca testemunhou maus-tratos aos animais.
“Se tivesse visto, eu mesmo teria denunciado”, disse ele.
No ano passado, o Cole Bros. foi condenado por crueldade aos animais e fez um acordo com o Governo. O circo pagou uma fiança de 15 mil dólares, mas foi absolvido das acusações de que não estava prestando cuidado apropriado a dois elefantes que agora vivem no Zoológico de Los Angeles. O acordo foi uma forma de evitar custos de litígio, disse Renee Storey, vice presidente do circo. O PETA havia movido a ação contra o circo naquela ocasião.
Seja como for, o circo Cole Bros. está novamente fazendo as suas apresentações em New Jersey, no Colégio de Garfield. Os shows ocorrerão até domingo.
Nota da Redação: A exploração de animais em “espetáculos” circenses por si só é uma crueldade. Animais usados em circos são privados de viver na natureza, seu habitat natural, são forçados a realizar movimentos que não estão acostumados e não necessitam fazer, ficam longe de suas famílias e do convívio com outros de sua espécie, perdem a autonomia e liberdade, pois dependem de cuidados humanos, entre tantos outros pontos problemáticos dessa exploração cruel, que precisa ter fim. Portanto, mesmo que não apresentem marcas de ferimentos externos, como alega a vice-presidente da empresa que “aluga” elefantes para “espetáculos”, o foto de estarem no circo já configura uma crueldade com suas vidas.