Elefantes explorados por um circo itinerante foram forçados a viajar mais de 16 mil km pela Sibéria para se apresentar nas cidades russas onde animais em circos não são proibidos.
Ativistas pelos direitos dos animais expressaram revolta e indignação sobre a jornada tortuosa em que elefantes, tigres e outros animais são transportados pela Rússia em caminhões apertados num frio para o qual não estão adaptados.
Uma petição contra a crueldade e abuso praticados pelo circo já reuniu quase 100 mil apoiadores.
No entanto, os diretores do circo dizem que os animais “amam o que fazem” e insistem que os caminhões são aquecidos e os elefantes são limpos e alimentados regularmente.
O circo Togni mudou-se para a Rússia depois que animais foram proibidos em shows de circo na Itália e está na estrada há dez meses desde então, viajando por uma distância de mais de 10 mil milhas (cerca de 16 mil km).
Ano passado, o circo viajou de Kazan para se apresentar em Krasnoyark, Irkutsk e no posto avançado de Vladivostok, já no Pacífico, entre outras cidades.
Alguns dos elefantes foram vistos enquanto o circo passava pela cidade de Yakutsk, uma das cidades mais frias do mundo.
“Alguns países europeus como a Itália proibiram todos os animais em circos itinerantes porque essas apresentações são cruéis – mas o circo deu um jeito e chegou à Rússia, onde as tortuosas distâncias percorridas são ainda maiores, as mais longas do mundo”, disse um ativista pelos direitos animais.
“Proibindo a crueldade na Itália, eles pioraram a situação na Rússia para os mesmos animais”, lamentou ele.
Irina Novozhilova, do grupo de direitos animais VITA, disse ao Siberian Times: “As condições não serão humanas em nenhum circo, por uma simples razão. O treinamento anda de mãos dadas com a crueldade”.
“No caso dos elefantes, isso significa usar ganchos e máquinas de choques elétricos. Essas descargas de eletricidade causam pequenos ataques cardíacos nos animais”, diz a ativista, “Os animais nessas trupes itinerantes enfrentam espancamentos e fome, os circos que fazem passeios viajam centenas de quilômetros de uma só vez”, continuou ela.
Outro fato menos conhecido é que existe uma cota de anestesia de animais em caso de acidente, mas se algo acontecer, a cota existente não será suficiente para um único elefante.
“Digamos que, se um elefante quebrar sua perna, não haverá como anestesiá-lo”.
“Não dúvidas de que os circos são sempre cruéis além dos limites. E circos com animais devem ser proibidos” ressaltou a ativista.
A distância percorrida pela trupe de Togni – de uma das maiores dinastias de circo do mundo – é o equivalente a uma viagem de Londres ao posto avançado mais oriental da Rússia, Pevek, segundo o Siberian Times.
Mas o diretor de arte russo do circo Togni rejeitou as reclamações.
“Esses circos são tradicionais”, disse Sergey Bondarchuk ao Siberian Times, “Nós amamos muito nossos animais, eles são nossa família”.
“Eles também amam o circo, ficam entediados sem trabalho. Nossos animais viverão e morrerão conosco, não sobreviverão na natureza”.
“Mover o circo para Yakutsk era uma ambição de longa data para toda a trupe”, disse ele.
“Tanto os italianos quanto eu estávamos sonhando em nos apresentar em Yakutsk, estávamos sonhando com essa viagem porque o circo de Yakutsk é o mais setentrional de todos”, disse diretor do circo.
“Os caminhões têm ar condicionado e aquecimento e, nas estradas da Sibéria, paramos a cada três horas para limpar e alimentar os animais”, ele insistiu.
“Viajar pelas vastas distâncias da Sibéria foi ‘difícil’, mas os animais são como crianças para nós”, continuou ele, “Se algo acontecer com eles, perdemos nossos empregos”.
O circo está atualmente em Kemerovo, uma capital famosa pela atividade de mineração de carvão.
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