Por Lobo Pasolini (da Redação)
Todo ano cerca de 60 mil animais são mortos em festivais na Espanha dedicados a um santo local ou a Virgem Maria. Essa exploração é impulsionada por uma cultura altamente regionalista no país, onde cada cidade e vila se apega ferozmente às tradições locais.
Infelizmente, muitas dessas tradições incluem a tortura e morte de animais. “Me dói dizer isso, mas os espanhóis são um povo selvagem, insensível e ignorante,” declarou ao jornal inglês The Guardian, Miguel Ángel Rolland, um cineasta que em seu último documentário, Santa Fiesta, registrou alguns dos 16 mil festivais religiosos que acontecem em seu país envolvendo a tortura de animais.
O filme ainda não foi lançado mas conseguiu atingir seu alvo de financiamento em uma campanha de crowdfunding.
Um dos eventos mais conhecidos é a festa de São Fermino em Pamplona, quando dezenas de milhares de pessoas enchem a cidade por uma semana aterrorizando bovinos diariamente, que são perseguidos pelas ruas estreitas da cidade até chegar à arena, onde os animais são mortos durante touradas. Quase sempre humanos também saem feridos ou mortos.
O documentário levou Miguel a testemunhar os muitos horrores que os animais vivem em seu país. Apesar da maioria das celebrações ocorrerem na Andaluzia e Castilha, não existe uma região onde esse tipo de coisa não acontece, sempre sob os auspícios da igreja católica. É também comum em época de eleição que políticos prometam mais touros para as festas.
Mas não apenas os bovinos que são submetidos a todo tipo de barbarismo. Por exemplo, em Cazazilla, na Andaluzia, um peru vivo é jogado da torre de uma igreja. Embora essa violência tenha sido proibida em 2002, todo ano a vila se reúne para jogar a ave, e fazem uma vaquinha para pagar a multa de 2 mil euros. A polícia simplesmente faz vista grossa. “Se alguém tentasse impedir o arremesso do peru, as pessoas quebrariam tudo,” diz o prefeito Juan Balbín Garrido.
”Nós somos uma nação violenta,” reflete Rolland. “Na Espanha cerca de 200 animais são mortos para entretenimento todos os dias. Isso totaliza oito mortes por hora.”