Cinco leões foram encontrados em condições críticas e resgatados na Ucrânia, depois de serem abandonados por responsáveis que os mantinham aprisionados como animais domésticos ou atrações turísticas. Entre eles estavam uma leoa desnutrida, que passou a vida trancada em um apartamento, e outra tão traumatizada por bombardeios que mal conseguia andar.
Os leões foram salvos pelo Wild Animals Rescue Centre, um abrigo ucraniano administrado por Natalia Popova, uma ativista que já resgatou centenas de animais selvagens mantidos em cativeiro desde o início da guerra entre Ucrânia e Rússia, em fevereiro de 2022. Seu abrigo, instalado em um antigo estábulo nos arredores de Kiev, já acolheu leões, tigres, leopardos, lobos e outros animais feridos ou abandonados durante o conflito.
Após meses de cuidados na Ucrânia e em abrigos temporários na Bélgica, o leão africano Rori e as leoas Amani, Lira e Vanda foram transportados para o Big Cat Sanctuary, um santuário no sudeste da Inglaterra, se juntando à leoa Yuna, que chegou em agosto de 2024.
A operação de resgate envolveu uma jornada de 12 horas por estrada e balsa, além de uma campanha internacional que arrecadou mais de 500 mil libras (cerca de R$ 3,2 milhões) para cobrir os custos. Agora, eles começam uma nova vida em um recinto especial, inaugurado em 25 de março, projetado para ajudá-los a se recuperar dos traumas da guerra.
Esses leões foram encontrados perto da linha de frente na guerra da Ucrânia, negligenciados e abandonados por seus responsáveis. “Todos esses cinco leões vieram originalmente do tráfico de animais e da vida selvagem”, disse Cameron Whitnall, diretor administrativo do Big Cat Sanctuary.
Yuna foi mantida em uma pequena cela de tijolos e ficou traumatizada após estilhaços de mísseis caírem perto de seu recinto. Rori foi maltratado em um zoológico particular, enquanto a equipe do santuário acredita que os irmãos Amani e Lira foram criados para tirar fotos com turistas quando filhotes.
Vanda, mantida dentro de um apartamento, estava desnutrida e infestada de parasitas. Whitnall diz que, em seu novo lar, ela pode “se tornar a leoa que merece ser”, assim como os outros.
Adaptação
A equipe do santuário diz que eles estão se adaptando bem aos recintos, que foram projetados de acordo com as necessidades individuais de cada leão.
Yuna e Rori, que têm problemas de coordenação, receberam ambientes suavemente paisagísticos, sem locais altos, para evitar quedas, enquanto as irmãs Amani e Lira têm árvores para escalar. Vanda, a mais brincalhona e confiante dos leões, tem um recinto que inclui um elemento aquático.
“Tenho certeza de que é uma jornada. Ainda temos mais a fazer, mas eles estão lidando com tudo incrivelmente bem”, relatou Briony Smith, que cuida dos animais. “Já dá para perceber que há melhora em seus cuidados, bem-estar e na forma como se sentem.”
Smith e Whitnall ainda estão conhecendo seus quatro novos protegidos. Mas ambos já criaram um forte vínculo com Yuna, que nunca havia pisado em grama até ser resgatada.
“Ela mal conseguia andar”, contou Whitnall. “Ela sofria de trauma de guerra e concussão. Estava tão mal que cogitaram sacrificá-la. Mas conseguimos intervir e tirá-la da zona de guerra, e ela evoluiu incrivelmente desde que chegou ao santuário.”
“Estamos tão felizes com o progresso dela”, acrescentou Whitnall. “Ela é uma linda leoa agora.”