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RESGATE

Cinco anos de abandono difíceis de curar: o outro lado do zoológico de Luján e a dor de seus animais

1 de agosto de 2025
3 min. de leitura
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Foto: Nicolas Carbona

Encerrado em 2020 por não cumprir normas básicas de bem-estar animal, o zoológico de Luján continua sendo cenário de abandono e deterioração. Embora a visita do público foi interrompida há cinco anos, cerca de 90 animais continuam enclausurados no local, muitos em condições precárias e sem cuidados especializados.

Nos últimos dias, o governo argentino e a organização internacional Four Paws assinaram um acordo para iniciar ações de resgate. Trata-se de uma intervenção há muito esperada que poderia encerrar uma fase de negligência e maus-tratos sistemáticos.

O objetivo principal do convênio é revisar a saúde de cada exemplar e planejar sua transferência para locais seguros. Entre os casos mais urgentes estão um chimpanzé, dois ursos e vários grandes felinos que necessitam de assistência imediata. A situação é agravada pelo falecimento de um terço dos felinos desde o fechamento, muitos deles por doenças evitáveis.

Foto: Zoológico de Luján

Durante anos, o local permaneceu inativo, sem um plano de contingência. Os animais foram mantidos às custas dos proprietários, após a demissão do pessoal e a interrupção do apoio estatal. Essa falta de respostas eficazes transformou o ex-zoológico em uma prisão sem saída para espécies selvagens.

Um resgate necessário e uma dívida pendente

As ações impulsionadas pela Four Paws começarão nos próximos meses, mas prevê-se que a realocação seja gradual. Muitos animais necessitam de tratamentos prolongados antes de poderem ser transferidos para um santuário. O processo também inclui uma avaliação judicial do local, atualmente sob investigação por maus-tratos animais.

A Justiça federal reabriu o processo contra os responsáveis pelo zoológico, entendendo que o crime continua enquanto os animais permanecerem enclausurados. A decisão se baseia em precedentes legais que reconhecem os animais como seres sencientes e sujeitos de direitos.

Essa nova abordagem promove o encerramento definitivo de instituições que lucram com o sofrimento animal. A Defensoria do Povo da província de Buenos Aires insiste que todos os zoológicos do país devem ser transformados em espaços que priorizem a proteção e o bem-estar animal.

Sequelas do abandono e possíveis caminhos

As consequências do abandono prolongado são graves. Muitos dos animais apresentam problemas de saúde física e emocional. O confinamento em ambientes inadequados, a falta de estímulos e a alimentação deficiente causam estresse crônico, apatia, perda de musculatura e até distúrbios comportamentais.

Cada espécie requer uma avaliação veterinária específica. Os grandes felinos precisam de recintos amplos e dietas balanceadas; os primatas, de estimulação constante e socialização. Em muitos casos, os danos não são facilmente revertidos e exigem cuidados vitalícios em santuários especializados.

Foto: Zoológico de Luján

reinserção na natureza é extremamente limitada. A maioria dos exemplares não seria capaz de sobreviver por conta própria. Sem habilidades de caça ou comportamentos sociais funcionais, dependem da assistência humana para viver em ambientes protegidos. Por isso, a transferência para santuários — onde possam recuperar um pouco de sua liberdade — torna-se a única alternativa ética possível.

O caso do zoológico de Luján reflete uma dívida ainda em aberto com os animais cativos. A possibilidade de encerrar este capítulo depende de uma intervenção efetiva, sustentada no tempo, que garanta a cada exemplar um destino digno. Isso não é apenas uma questão judicial ou política, mas uma responsabilidade moral.

Fonte: Noticias Ambientales

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