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Cientistas apontam provável extinção de 3 aves nordestinas

28 de agosto de 2014
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Ilustração da corujinha caburé-de-pernambuco (Glaucidium mooreorum), que provavelmente foi extinta da natureza.
Ilustração da corujinha caburé-de-pernambuco (Glaucidium mooreorum), que provavelmente foi extinta da natureza.

A corujinha caburé-de-pernambuco (Glaucidium mooreorum) e dois parentes do joão-de-barro: o gritador-do-nordeste (Cichlocolaptes mazarbarnetti) e o limpa-folha-do-nordeste (Philydor novaesi), estão praticamente extintos na natureza. A conclusão vem de um trabalho assinado por pesquisadores brasileiros e estrangeiros que estudam as aves há mais de uma década. As 3 espécies são endêmicas da Mata Atlântica nordestina.

Segundo os pesquisadores, há anos não ocorrem registros oficiais de visualização dessas espécies na natureza. O último registro da corujinha caburé-de-pernambuco foi feito há 24 anos. Já o gritador-do-nordeste foi visualizado em um único local em 2005 e descrito oficialmente apenas esse ano. De 2005 para cá, a espécie nunca mais foi vista na natureza. A terceira ave possivelmente extinta, o limpa-folha-do-nordeste foi descrito há 31 anos e visto pela última vez na natureza em 2011.

Região de Endemismo ameaçada

As 3 espécies viviam em uma faixa de Mata Atlântica ao norte do Rio São Francisco que abrange áreas de Alagoas, Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte. Conhecida pelo sugestivo nome de Centro de Endemismo Pernambucano (CPE), trata-se de uma faixa onde ocorrem centenas de espécies endêmicas — que só são encontradas ali. De acordo com estimativas, o CPE possui 434 espécies, sendo 26 aves endêmicas da região.

Segundo os pesquisadores, a principal ameaça às 3 espécies é a perda de habitat resultado principalmente do avanço do desmatamento.“Acompanhamos as florestas ficarem cada vez menores e o número de indivíduos, dessas três espécies, diminuir até praticamente desaparecerem por completo”, afirma Luís Fábio Silveira, um dos autores do estudo.

Doutor em Ciências Biológicas pela USP e consultor da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza, Silveira explica que pesquisadores estão atrás do registro da corujinha caburé-de-pernambuco há anos: “Registros documentados da corujinha incluem apenas a coleta de dois indivíduos, em novembro de 1980 – a partir dos quais a espécie foi descrita – e uma única gravação de som obtida em outubro de 1990 […]. Em 2001, no entanto, ornitólogos avistaram a espécie, mas não houve registro oficial. Por isso, considera-se que a caburé-de-pernambuco está potencialmente extinta”.

De acordo com o Centro de Pesquisas Ambientais do Nordeste (Cepan), restam apenas 2% de pequenos fragmentos de florestas nativas de Mata Atlântica no nordeste. De acordo com  Emerson de Oliveira, coordenador de Ciência e Informação da Fundação Grupo Boticário, a criação de Unidades de Conservação (UCs) é uma estratégia importante para a proteção do que restou da fauna e flora da Mata Atlântica no Nordeste. “Uma das saídas para evitar a extinção de outras espécies é proteger o que sobrou dos remanescentes de Mata Atlântica, por meio da criação de áreas protegidas e corredores ecológicos que garantam a conexão entre elas”.

O estudo foi publicado em julho na revista científica ‘Papéis avulsos de zoologia’, do Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo (USP).

*Com informações da Assessoria de Imprensa da Fundação Grupo O Boticário de Proteção à Natureza.

Fonte: Eco

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