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RETROCESSO

Cientistas influenciam a exploração de cavalos ao declarar que leite de égua seria bom para fazer sorvete

A declaração faz com que um animal que já sofre tanto abuso, entre eles o consumo de sua carne, seja ainda mais explorado

20 de agosto de 2024
Júlia Zanluchi
3 min. de leitura
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Foto: Adobe Stock

Cientistas poloneses realizaram testes para descobrir se o leite de égua seria bom para fazer sorvete, influenciando ainda mais a exploração dos cavalos.

Por que alguém precisaria beber leite de égua? O estudo polonês explica que as pessoas estão se tornando mais conscientes da saúde e buscando alimentos com alto teor nutricional. O estudo sugere que o leite de cavalo poderia desempenhar esse papel. Mas não é necessário procurar mais um animal para explorar, quando é possível usar alimentos vegetais.

O leite vegetal, por exemplo, é considerado uma alternativa saudável ao leite de vaca. É comparável ao leite de vaca em termos de teor de proteína, enquanto é pobre em gordura saturada e não contém colesterol.

Várias empresas também estão desenvolvendo novas alternativas usando ingredientes à base de plantas. Uma empresa da Nova Zelândia está trabalhando em alternativas lácteas “funcionais” à base de leguminosas que poderiam substituir os laticínios na fabricação de alimentos. Outra empresa, com sede na Suécia, está usando fermentação para fazer queijo a partir de leguminosas que é semelhante ao queijo lácteo em termos de textura.

No momento, a produção de leite de cavalo de Shellard é em pequena escala, atendendo a menos de 100 clientes regulares. Mas e se o leite de cavalo se tornasse popular?

Para atender à demanda por leite de vaca, a indústria de laticínios tornou-se cada vez mais intensiva e mecanizada. As vacas leiteiras foram criadas para produzir cerca do dobro de leite que produziam há 40 anos. Incidências de mastite, uma dolorosa doença inflamatória das glândulas mamárias, são comuns. O mesmo acontece com a claudicação, em parte devido aos cuidados inadequados com os cascos e ao fato de serem forçadas a ficar em pisos duros por longos períodos.

As vacas dão à luz um bezerro por ano para continuarem produzindo leite, e precisam suportar ter seus bezerros retirados logo após o nascimento. Embora possam viver naturalmente por 20 anos, as vacas leiteiras são abatidas aos cinco anos de idade, quando deixam de ser tão produtivas.

Mais exploração aos cavalos

Criar cavalos para obter leite só aumentaria as formas pelas quais esses animais inteligentes e sensíveis já são explorados para ganho comercial.

As pessoas comem carne de cavalo em países como França, México e Japão. Eles são criados especificamente para a carne ou enviados para o abate após serem aposentados das corridas ou de puxar carroças.

Em partes do mundo, incluindo América do Sul e Islândia, existem fazendas de “sangue” de cavalo. Grandes quantidades de sangue são retiradas de éguas grávidas para extrair Gonadotrofina Coriônica Equina (PMSG), um hormônio comumente usado na criação industrial de suínos. Investigações revelaram sérios abusos dos cavalos nessas fazendas, onde eles são contidos e têm grandes cânulas inseridas em suas veias jugulares.

Cavalos usados para entretenimento também sofrem abusos e podem morrer de ferimentos como resultado de serem forçados a trabalhar demais. Dezenas de cavalos morrem em hipódromos no Reino Unido a cada ano, e não está claro o que acontece com muitos deles depois que se aposentam das corridas. Os métodos de treinamento usados nos “esportes” equestres também são questionáveis.

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