Pesquisadores registraram milhares de vocalizações de chimpanzés selvagens no Parque Nacional de Taï, na Costa do Marfim, e encontraram dois elementos fundamentais da fala humana nesse comportamento animal: ritmo e combinação de sons.
Dois estudos recentes revelam que os chimpanzés usam estruturas rítmicas e combinam chamadas vocais para se comunicar — características consideradas pilares da linguagem falada. Para a cientista Catherine Crockford, diretora de pesquisa do Centro Nacional de Pesquisa Científica da França, essas descobertas são como “pegadas iniciais” de como a linguagem humana pode ter evoluído.
Os resultados também reforçam pesquisas semelhantes com outros primatas, como orangotangos e bonobos. No entanto, cientistas alertam que estudos com chimpanzés selvagens estão cada vez mais difíceis devido à caça, ao comércio de animais de estimação e à destruição de seus habitats.
Batidas com significado
Um dos estudos, publicado na revista Current Biology, analisou padrões de percussão feitos por chimpanzés nas florestas da África Ocidental e Oriental. Os animais usam as raízes salientes das árvores como superfícies para bater com os pés, enquanto seguram as raízes com as mãos — um tipo de “dança” que pode ser ouvida à distância.
Segundo a professora Cat Hobaiter, da Universidade de St. Andrews, os chimpanzés usam essas batidas para indicar direção de deslocamento ou para fazer um “check-in” social. Cada chimpanzé tem um “ritmo assinatura” próprio, reconhecível pelos outros, como se fosse um sotaque regional.