Especialistas peruanos irão examinar o estado de conservação de uma espécie de peixe gigante que come madeira, identificada recentemente por uma expedição científica estrangeira nas selvas do Peru, disse o chefe do Parque Nacional Alto Purus, Arsenio Calle.
“É uma espécie rara que merece mais estudos para determinar seu estado de conservação e as características de seu habitat, o que poderia ser alcançado com a implementação de um sistema de acompanhamento,” disse Calle a agência estatal Andina.
O funcionário disse que no próximo ano se espera a realização deste estudo durante os meses de julho a setembro, quando os rios estão vazios devido a falta de chuva.
Este peixe foi encontrado durante uma expedição no Alto Purus entre 21 de julho e 03 de agosto passado para identificar a vida aquática nos rios Purus e Yurús, e foi financiada pela National Science Foundation (NSF em inglês) dos EUA.
É previsto para o próximo mês de dezembro a publicação da descrição formal deste peixe, que tem cerca de 70 centímetros de comprimento, dentes em formato de colher para raspar os troncos das árvores que caem nos rios, padrão de dentição típica de peixes comedores de madeira .
Esta espécie de peixe que come madeira já era conhecida com o nome “gigante carachama” para os habitantes indígenas da área, que os caçam como alimento.
“O carachama se alimenta de crustáceos, detritos, restos de plantas e algas que estão no fundo dos lagos e do rio, e madeira em decomposição pela água. Possui hábitos alimentares superiores que o resto da sua competência” disse o chefe do Parque Nacional do Alto Purus.
Calle acrescentou que espécies similares foram encontradas anteriormente na selva da região de San Martín, do nordeste peruano, por cientistas do país.
Acredita-se que há cerca de uma dúzia de espécies de peixes comedores de madeira distribuídos nas bacias dos principais rios da América do Sul.
O Parque Nacional do Alto Purus, lar de alguns indígenas em isolamento voluntário e uma grande variedade das maiores aves do mundo, está entre as regiões de Madre de Dios e Ucayali na selva peruana fronteira com o Brasil.
Fonte: Estadão