EnglishEspañolPortuguês

RASTREAMENTO

Cientistas descobrem o que as tartarugas-marinhas fazem durante seus ‘anos perdidos’

6 de fevereiro de 2025
2 min. de leitura
A-
A+
Foto: Ilustração | Freepik

Por décadas, cientistas e biólogos tentaram desvendar um dos maiores mistérios da vida marinha: o que acontece com as tartarugas entre o momento em que deixam a praia e o dia que retornam ao litoral na fase adulta, um período que pode durar até dez anos, conhecido como os “anos perdidos”. Agora, uma nova pesquisa publicada na Proceedings of the Royal Society B promete solucionar algumas lacunas dessa questão.

Ao longo de 20 anos, pesquisadores liderados por Kate Mansfield, cientista marinha da Universidade Central da Flórida, rastrearam tartarugas utilizando etiquetas de GPS fixadas em seus cascos. Navegando em pequenos barcos pelo Golfo do México, a equipe localizou e registrou 114 tartarugas de espécies ameaçadas, como as verdes, cabeçudas, tartarugas-de-pente e tartarugas-de-kemp.

Com o tempo, os dispositivos se desprendiam e afundavam, pois a parte externa do casco das tartarugas jovens se solta conforme o crescimento do animal. No entanto, antes disso, os rastreadores transmitiam dados de localização por semanas ou até meses, revelando algumas descobertas.

A primeira delas é sobre o nado das tartarugas. A maioria das espécies não apenas flutuam, mas sim nadam ativamente. Por muito tempo, acreditava-se que as tartarugas simplesmente se deixavam levar pelas correntes oceânicas. No entanto, os novos dados mostraram que esses animais nadam conscientemente e tomam decisões próprias sobre seus deslocamentos.

Para comprovar essa ideia, os cientistas compararam as rotas das tartarugas com bóias lançadas na água ao mesmo tempo. Mais da metade das bóias foi levada de volta para a costa, enquanto as tartarugas seguiram caminhos diferentes, demonstrando total controle sobre a rota marítima escolhida.

“As tartarugas não estão apenas à deriva”, explica Nathan Putman, ecologista da LGL Ecological Research Associates em entrevista à AP. “Elas estão escolhendo ativamente onde querem ir no oceano e o que querem evitar.”

Outro achado inesperado foi a ampla variação dos locais percorridos pelos animais, que transitam entre as águas de plataforma continental e o oceano aberto, sugerindo que uma jornada mais complexa do que se imaginava.

Tecnologia marítima

Desenvolver etiquetas de rastreamento que permanecem fixas por tempo suficiente foi um dos maiores desafios do estudo. Para Jeffrey Seminoff, biólogo marinho, por anos a tecnologia vigente não conseguia acompanhar as necessidades dos cientistas. A solução veio com etiquetas flexíveis, alimentadas por energia solar, que conseguiram permanecer fixadas nas tartarugas o tempo necessário para fornecer os dados.

Os resultados do estudo oferecem uma compreensão mais profunda sobre o uso do Golfo do México por essas espécies ameaçadas, uma região crucial para sua sobrevivência.

“Não é que as tartarugas tenham se perdido”, afirma Jeanette Wyneken, da Universidade Atlântica da Flórida. “Fomos nós que perdemos o rastro delas.”

Fonte: R7

    Você viu?

    Ir para o topo