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POLUIÇÃO

Cientistas descobrem no Ártico profundo vazamento de metano e vida em condições extremas

Descoberta inédita no fundo do oceano expõe como o carbono circula nas profundezas do Ártico

24 de dezembro de 2025
3 min. de leitura
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Montes de hidrato de gás Freya com diferentes morfologias. Foto: UiT / Ocean Census / REV Ocean

Cientistas descobriram o ecossistema marinho mais profundo já associado a vazamentos de gás no planeta, um achado que ajuda a entender como o carbono circula no oceano e seu papel no clima da Terra. A quase 4 mil metros abaixo da superfície, no Ártico, pesquisadores encontraram liberação ativa de metano, petróleo e formas de vida altamente adaptadas a um dos ambientes mais extremos do planeta.

A descoberta foi feita por uma equipe internacional liderada pela Universidade Ártica da Noruega (UiT), durante uma expedição científica no Mar da Groenlândia. O local, batizado de Freya Hydrate Mounds, fica a 3.640 metros de profundidade e teve seus resultados publicados na revista Nature Communications.

As imagens do fundo do oceano mostram colunas de gás metano subindo por mais de 3.300 metros na água, uma das maiores já registradas no mundo. O metano é um gás de efeito estufa muito mais potente que o dióxido de carbono no curto prazo. Mesmo sob pressão extrema e temperaturas próximas de zero, o ambiente abriga vermes, moluscos e pequenos crustáceos que sobrevivem graças à quimiossíntese, um processo em que organismos produzem energia sem depender da luz do Sol.

O achado surpreendeu os cientistas porque amplia em cerca de 1.800 metros o limite de profundidade conhecido para esse tipo de formação geológica. Além disso, revelou conexões inesperadas entre a vida desses vazamentos frios e organismos encontrados em fontes hidrotermais do Ártico, sugerindo que os ecossistemas das profundezas são mais conectados do que se imaginava.

Fauna associada aos montes de hidrato. Foto: Divulgação

Os pesquisadores também identificaram petróleo e gás com origem em sedimentos formados há milhões de anos, indicando um histórico complexo de movimentação de fluidos sob o leito marinho. As estruturas observadas não são estáticas. Elas se formam, se tornam instáveis e podem colapsar ao longo do tempo.

Além de ampliar o conhecimento científico, a descoberta acende um alerta. Esses ecossistemas extremos ficam em áreas cada vez mais visadas para exploração de recursos naturais no Ártico. Para os pesquisadores, entender como eles funcionam é essencial para proteger a biodiversidade e evitar impactos irreversíveis em uma região já fortemente afetada pelas mudanças climáticas.

Fonte: Um só Planeta

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