Cientistas criaram túneis para que as tartarugas-pescoço-de-cobra e quolls, uma espécie ameaçada de marsupiais, vivam em paz sem serem caçados por raposas ou corram risco de ficar sem água.
Inicialmente, a cerca havia sido construída para manter uma população de quolls ameaçados segura de predadores, após serem reintroduzidos na Austrália. Mas, sem querer, prendeu uma população de tartarugas-pescoço-de-cobra, impedindo-as de viajar entre os poços de água no Parque Nacional Booderee, área protegida na costa sul de Nova Gales do Sul. Especialistas temiam que, ao bloquear essa antiga rota migratória entre fontes de água e locais de nidificação, a população de tartarugas pudesse ser extinta.
Por isso, guardas florestais e cientistas do World Wide Fund for Nature (WWF-Austrália) intervieram e criaram nove túneis ao redor do parque para permitir que as tartarugas pudessem fazer sua travessia normalmente.
“Sempre soubemos que as tartarugas utilizam a rede de pântanos e lagos em Booderee, alimentando-se e engordando nos pântanos e migrando para os lagos permanentes quando os pântanos secam. Era imperativo mantermos o acesso das tartarugas a esses corpos d’água”, disse Nick Dexter, gerente de proteção do Parque Nacional Booderee.
Para evitar que os quolls que raposas e gatos invasores entrassem, a equipe criou um engenhoso sistema de túneis que foi inundado com água. Cada túnel, em forma de banheira, com dois metros de comprimento e 70 cm de profundidade, também inclui uma abertura de malha no meio, destinada a impedir que animais maiores atravessem a cerca.
Como o mecanismo era uma nova invenção, a equipe não tinha certeza se as tartarugas o utilizariam quando o instalaram no final do ano passado. Mas, nove meses depois, eles registraram 73 casos de tartarugas saindo com sucesso dos túneis.
“Às vezes, nossas ações para proteger uma espécie podem ter consequências inesperadas para outras. Mas desta vez, é bom saber que tanto os quolls quanto as tartarugas estarão felizes”, disse Rob Brewster, da WWF-Austrália.