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POSSÍVEL SOLUÇÃO

Cientistas combinam espécies para criar coral mais resistente ao calor

Com a recorrência de ondas de calor no mar – que devem se tornar mais comuns nos próximos anos –, o método pode contribuir com a permanência da população de corais. Entenda

15 de outubro de 2024
Tainá Rodrigues
4 min. de leitura
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Foto: James Guest/Reprodução

As mudanças climáticas e o aumento das temperaturas no mar têm causado diversos eventos de branqueamento dos corais – quando os corais perdem as algas que vivem em simbiose com eles e ficam sem cor. Para contornar o problema, cientistas querem criar variedades com maior tolerância ao calor. A pesquisa que descreve a ideia foi publicada na revista científica Nature Communications.

A tentativa dos pesquisadores deu certo: a prole adulta conseguiu obter uma maior capacidade de sobreviver a ondas de calor no mar, pelo menos até a geração seguinte. A pesquisa foi liderada por cientistas da Universidade de Newcastle, na Inglaterra.

Para os testes, os pesquisadores analisar o comportamento dos corais de duas formas. Primeiro, eles foram expostos ao calor intenso, mas por períodos curtos, durante 10 dias – o que aumentou sua tolerância em 3,5°C graus. Por outro lado, com uma exposição menos intensa, durante 1 mês, os corais atingiram um aumento de apenas 2,5°C graus.

Considerando o desempenho dos testes, teoricamente seria possível aumentar a tolerância de calor em 1°C por semana dentro de uma geração de corais. Os resultados ainda não se mostraram suficientemente eficazes para que os corais suportem as ondas de calor do futuro, pois existe a tendência das mudanças climáticas piorem.

Os cientistas também fizeram testes para analisar a tolerância de corais a estresses curto, ou seja, a capacidade da prole de sobreviver à intensa exposição ao estresse térmico. Porém, a reprodução seletiva não conseguiu melhorar essa capacidade. A equipe não identificou correlação genética a essas características, o que pode significar que elas estão atreladas a controles genéticos independentes.

“Ainda há muito trabalho a ser feito antes que a reprodução seletiva possa ser implementada com sucesso. É preciso entender de forma mais profunda quais características priorizar e como essas características são geneticamente correlacionadas”, afirma Adriana Humanes, pesquisadora da Universidade Newcastle que liderou o estudo, em comunicado.

A técnica é viável?

Os autores do estudo alertam que seria necessário reduzir as emissões de gases do efeito estufa globalmente para que os corais tivessem tempo para se adaptarem ao calor. “Este trabalho mostra que a reprodução seletiva é viável, mas não uma solução mágica, e que mais pesquisas são necessárias para maximizar os resultados da reprodução”, disse Liam Lachs, autor do estudo e pesquisador na Universidade de Newcastle.

De acordo com o idealizador do projeto, James Guest, a reprodução seletiva pode ser uma solução viável para aprimorar a resiliência da população de corais. Porém, o especialista reforça que ainda existem muitas questões para serem superadas.

“Quantos corais precisam ser transplantados para beneficiar as populações selvagens? Podemos garantir que não haja compensações (as evidências até agora sugerem que esse não é um grande risco)? Como podemos evitar a diluição de características selecionadas uma vez adicionadas à natureza? Como podemos maximizar as respostas à seleção?”, questiona Guest.

“Considerando os níveis moderados de melhoria que alcançamos neste estudo, a eficácia de tais intervenções também dependerá de ações climáticas urgentes”, acrescenta. Os corais são muito sensíveis às ondas de calor e também, são responsáveis por formar os recifes. Por isso o branqueamento e a consequente mortalidade em massa dos corais leva a um grande impacto aos ecossistemas marinhos.

Fonte: Revista Galileu

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