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CARTA

Cientistas associam falta de menção a combustíveis fósseis em rascunho do texto final da COP30 à 'traição'

Especialistas apontam que ausência em medidas concretas poderá afetar pessoas mais vulneráveis às mudanças climáticas

21 de novembro de 2025
Rafael Vazquez
2 min. de leitura
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Sessão Plenária Geral dos Líderes Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas COP 30. Foto: Ueslei Marcelino/COP30

Cientistas climáticos presentes na COP30 reunidos no pavilhão Ciência Planetária, dentro da zona azul, divulgaram um novo comunicado nesta sexta-feira criticando duramente a nova versão do texto rascunhado para se tornar a carta final da Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas em Belém.

No rascunho anterior, estava claro que havia divergências frontais sobre o que pode ser o “mapa do caminho” para os combustíveis fósseis e os cientistas já haviam criticado que a proposta de se fazer futuramente um workshop ou reunião ministerial para debater o tema estava muito longe do ideal. Agora, com a nova versão, que nem mesmo cita os combustíveis fósseis, os cientistas endureceram ainda mais o tom.

“Apesar de um grande número de países se unirem em torno de roteiros para acabar com a dependência de combustíveis fósseis e com o desmatamento — e do impulso dado pelo presidente do Brasil — as palavras ‘combustíveis fósseis’ estão completamente ausentes do texto mais recente. Isso é uma traição à ciência e às pessoas, especialmente os mais vulneráveis, além de totalmente incoerente com os objetivos reafirmados de limitar o aquecimento a 1,5°C e com o quase esgotamento do orçamento de carbono”, diz a carta dos cientistas divulgada nesta sexta-feira, que ao menos antes do incêndio do dia anterior na zona azul estava programado para ser o dia de encerramento da conferência.

Na visão dos renomados cientistas do pavilhão Ciência Planetária, é impossível limitar o aquecimento a níveis que protejam as pessoas e a vida sem eliminar gradualmente os combustíveis fósseis e acabar com o desmatamento. “Nessas últimas horas, os negociadores devem trabalhar juntos para recolocar no texto os roteiros para um futuro mais seguro e próspero. A ciência está aqui para ajudar.”

Assinam a carta o brasileiro Carlos Nobre, do Painel Científico para a Amazônia; Fatima Denton, da United Nations University; Johan Rockström, do Potsdam Institute for Climate Impact Research; Marina Hirota, do Instituto Serrapilheira; Paulo Artaxo, Universidade de São Paulo (USP); Piers Forster, da University of Leeds; e Thelma Krug, presidente do Conselho Científico da COP30.

Fonte: O Globo

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