Os cães da raça buldogue francês enfrentam problemas de saúde graves e não podem mais ser considerados apenas cães “típicos”, segundo o ponto de vista médico. O alerta foi feito por pesquisadores da Royal Veterinary College, que analisaram os dados da saúde de mais de 21 mil cães, dos quais 2.781 eram buldogues franceses. A pesquisa foi publicada na revista Canine Medicine and Genetics.

De acordo com o Mail Online, os pesquisadores descobriram que a raça de cara chata tem um risco maior de 20 doenças comuns, incluindo narinas estreitas e síndrome das vias aéreas obstrutivas. Segundo a equipe pesquisadora, essas descobertas destacam a necessidade de mudanças na característica da raça para reduzir o risco de problemas respiratórios.

Dan O’Neill, autor do estudo , diz que para alcançar mudanças significativas na aparência dessa raça requer que a compra seja feita de criadores e canis que divulguem seus padrões de criação. O pesquisador também diz que a maior responsabilidade está com quem compra esses cães, pois podem exigir que as características desses animais sejam mais leves.

Durante a pesquisa, o doutor O’neil e seus colegas analisaram históricos médicos registrados por clínicas veterinárias no Reino Unido desde o ano de 2016 no banco de dados da Vet Compass. Foram analisados dados de 2.781 buldogues franceses e 21.850 cães de outras raças. Os pesquisadores compararam taxas de diagnósticos de 43 distúrbios em buldogues franceses e raças diferentes, o que levou à descoberta de que os buldogues franceses correm um risco maior em 20 dos distúrbios.

Entre os distúrbios estudados estão narinas estreitas que causam dificuldades respiratórias 42 vezes mais que outras raças, assim como vias aéreas obstrutivas, secreção no ouvido, dermatite nas dobras da pele e dificuldade durante o parto.

O doutor O’Neil diz que não há dúvidas de que as pessoas têm o sentimento especial de ter um buldogue francês mas, infelizmente, esse estudo ajuda a entender a extensão dos problemas sérios de saúde que afetam esses cães. Ele acrescenta que nos preparativos para o natal as pessoas devem colocar a necessidade dos cães antes dos desejos humanos, pensando duas vezes antes de comprar um cão.

Outro descoberta feita na pesquisa mostrou que uma grande porcentagem de buldogues franceses foram diagnosticados com um ou mais distúrbios quando comparado com cães de outras raças. Uma porcentagem de 63% contra 66%. O que poderia indicar que esses animais têm chances menores de serem diagnosticados com um distúrbio no geral ou também pode indicar que exista mais facilidade em identificar problemas de saúde em outras raças.

Apesar do risco maior em 20 distúrbios, a equipe descobriu que buldogues franceses têm chance menor de desenvolver 11 dos 43 distúrbios comuns investigados, como a obesidade por exemplo. Segundo os pesquisadores, isso destaca que a raça tem um potencial para se tornar mais saudável, mas a equipe alertou que devido suas descobertas dependerem de relatórios de práticas veterinárias, não se pode indicar por quanto tempos os cães podem sofrer de um determinado distúrbio.

O fato de que o ronco dos buldogues franceses indicarem problemas respiratórios ser ignorado pelos donos dos cães indica que essa condição pode estar sub-representada nos dados do estudo. Segundo a presidente da Associação Veterinária Britânica, Justine Shotton, as mídias sociais e a influência das celebridades foram as responsáveis por impulsionar a popularidade dos buldogues franceses.

Justine Shotton diz que infelizmente as características “fofas” desses cães podem esconder problemas de saúde e que podem necessitar de tratamentos caros. Há uma preocupação crescente entre os profissionais veterinários pois muitas pessoas não têm noção dos problemas quando decidem adquirir um cão dessa raça. Ela acrescenta que sempre há o encorajamento de que as pessoas pesquisem antes de ter um animal de estimação, pois algumas raças e cruzamentos podem estar propensos a certas condições ou necessitarem de testes de saúde.