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DESTRUIÇÃO AMBIENTAL

Cientista Antonio Nobre pretende mostrar na COP30 o 'elefante na sala' da ação climática

Destruição e degradação das florestas são os maiores causadores da mudança abrupta de regime climático, explica o cientista

21 de outubro de 2025
Leão Serva
11 min. de leitura
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O cientista brasileiro Antonio Nobre, estudioso dos rios voadores da amazônia. Foto: Arquivo pessoal

O cientista Antonio Donato Nobre vai à COP30, conferência do clima da ONU em Belém, disposto a propor novos paradigmas para as ações climáticas. Renomado pesquisador em ciências da Terra, Nobre argumenta que os modelos climáticos não previram os recentes extremos porque subestimaram o papel central das florestas na regulação dos ciclos de água e energia.

Para ele, o “elefante na sala” da crise climática é a degradação dos ecossistemas. Segundo Nobre, mesmo que as emissões de carbono fossem zeradas amanhã, a emergência persistiria sem um esforço massivo de restauração ecológica. Ele sustenta que a perda da biosfera não apenas libera carbono, mas desativa também os mais potentes mecanismos de autorregulação do planeta.

desmatamento quebra essa bomba e cria um “paquiderme atmosférico”, como ele define —uma bolha de ar quente e seco que bloqueia a circulação de umidade, fenômeno que se conecta diretamente às ondas de calor recorrentes e às enchentes catastróficas que o país tem testemunhado.

Pesquisador aposentado do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), Nobre concedeu esta entrevista após encontros em Londres com o rei Charles 3º e os líderes indígenas Davi Kopenawa e Ailton Krenak.

Na conversa, ele detalha como a ciência da bomba biótica encontra um espelho no conhecimento ancestral do líder yanomami no livro “A Queda do Céu”, em que alerta: quando se derrubam as árvores que sustentam o céu, o clima desaba.

O senhor tem uma crítica ao quase monopólio do carbono nos debates sobre emergência climática. Qual é ela?

Nossa crítica se baseia em que os eventos climáticos extremos recentes, especialmente a partir de 2023, escaparam dos cenários projetados pela maioria dos modelos do IPCC [painel científico da ONU].

O ciclo do carbono está perturbado, mas ele não é o único protagonista. O sistema climático tem autorregulação emergente fornecida pela biosfera, principalmente através do ciclo da água, e é essa peça essencial que tem sido insuficientemente representada.

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