Com habilidades sensoriais e olfativas, os cães possuem a capacidade de retornar para casa mesmo depois de se perderem ou percorrerem grandes distâncias. Esse comportamento, muitas vezes descrito como “instinto de retorno”, é resultado de uma combinação de fatores biológicos e comportamentais que os tornam mestres da orientação. Estudos mostram que essa habilidade de orientação foi herdada de seu ancestral, o lobo-cinzento, descendeste da Eurásia, onde foi domesticado pela primeira vez.
Segundo a diretora sênior de ciência comportamental de abrigos Sociedade Americana para a Prevenção da Crueldade contra os Animais (ASPCA) Bridget Schoville, “os cães podem reconhecer pontos de referência familiares pela visão, cheiro e som. Alguns cães rebeldes provavelmente se orientam reconhecendo a posição de um ponto de referência em relação à sua casa ou localização atual”, afirma a especialista ao National Geographic.
Um dos casos mais populares aconteceu em 2010, quando Laser, um beagle, retornou para sua família em Winnipeg, Manitoba, seis semanas após se assustar com uma exibição de fogos de artifício. Em 2015, Georgia May, uma cachorrinha também foi resgatada após fugir durante uma caminhada em San Diego, Califórnia.
Outros animais como aves migratória, baleias, fungos e lagostas, são conhecidos por explorar o campo magnético terrestres, mesmo que alguns órgãos que controlam a magnetorrecepção não sejam bem compreendidos.
Magnetorecepção é a capacidade que alguns animais possuem de detectar campos magnéticos, o que lhes permite orientar-se e navegar com mais facilidade no ambiente.
Os cães possuem essa habilidade. Em 2020, o estudo “Alinhamento magnético melhora eficiência de orientação de cães de caça”, realizado por pesquisadores na República Tcheca mostrou algumas dessas habilidades.
Para a realização do experimento, eles equiparam 27 cães de caça com coleiras de GPS e câmeras de ação, colocando-os livres em áreas florestais e analisaram componentes de homing — habilidade inerente de um animal de navegar em direção a um local original através de áreas desconhecidas — em mais de 600 testes. Ao retornar ao tutor (para casa), os cães seguiram sua trilha de saída (‘rastreamento’) ou usaram uma nova rota (‘escotismo’).
Os resultados mostraram que talvez essa corrida seja de caráter instrumental, como uma espécie de mapa mental de registro ou uma bússola magnética que ajuda o animal a estabelecer a rota. Aproximadamente 60% dos cães do estudos usaram o olfato para refazer seus passos e chegar novamente até seus donos.
Sobre esses estímulos e a necessidade inerente de retorno ao lar, a diretora do do Laboratório de Interação Humano-Animal da Universidade Estadual do Oregon, Monique Udell, explica que “cães criados com seres humanos podem formar vínculos afetivos, semelhantes àquele entre pais e filhos.”
Fonte: Um Só Planeta