O corte de pés de ipê na Praça Achilles D´Agnoluzzo, em Capinzal, no Meio-Oeste catarinense, causou uma cena que surpreendeu moradores da cidade: uma revoada de andorinhas tomou conta do céu logo após a poda. A situação também causou revolta na comunidade.
As imagens foram feitas no entardecer da quarta-feira (19/02), por Michel Teixeira. O corte das árvores ocorreu em meio a uma onda de calor que atingiu o Estado. Além de deixar os pássaros sem local para pousar, moradores afirmam que os moradores também perderam a sombra da praça.
“As árvores ajudavam a amenizar o calor além proteger os muitos trabalhadores que aguardavam o ônibus para irem trabalhar”, escreveu um morador.
“É lamentável ver essa triste realidade: antes, as andorinhas eram tratadas como problema, agora são os troncos das árvores de ipê que estão sendo removidas sob a justificativa de que? Árvores saudáveis não oferecem risco, oferecem vida, sombra e beleza. O verdadeiro perigo está na falta de consciência e respeito pela natureza”, escreveu outro morador.
Segundo o ornitólogo Guilherme Brito, do Departamento de Ecologia e Zoologia da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), provavelmente as andorinhas usavam a praça como dormitório, e com a poda ficaram sem o local usual de abrigo e descanso.
— Elas formam essas murmurações (voo em bando) na época reprodutiva e se concentram nas áreas de descanso — explica Brito. — O que acontece aí é que, como não há mais a mesma oferta de poleiros, elas ficam momentaneamente desorientadas. Mas provavelmente irão encontrar outros locais próximos.
Ainda segundo o especialista, a rota migratória das espécies foi estabelecida muito antes das cidades surgirem. Por isso, as andorinhas vão continuar voltando, mas encontrarão outro lugar para pousarem. Possivelmente, inclusive, até as mesmas árvores, caso as plantas rebrotem.
— A solução mais interessante seria informar a população sobre os hábitos da espécie, gerando empatia e interesse ao invés de tratar como problema urbano e tentar resolver um fenômeno que ocorre há milhares de anos com uma simples poda — pontua Brito.
Em nota, a prefeitura de Capinzal informou que a poda foi “um pedido dos moradores, comerciantes e faz parte de um planejamento para minimizar os danos causados pela grande concentração de andorinhas no local”, e que “a presença excessiva dessas aves tem gerado diversas reclamações e preocupações devido ao mau cheiro, sujeira acumulada e o risco de doenças”.
O Instituto do Meio Ambiente de Santa Catarina (IMA), informou que a poda é essencial para harmonia e segurança de espaços urbanos, e que pode contribuir com a saúde das árvores, evitando acidentes. Entretanto, o corte excessivo pode comprometer a vida das plantas, as tornando suscetíveis à doenças e até à morte.
“Cada município possui normas específicas para a manutenção da arborização urbana, garantindo que a intervenção seja feita de maneira segura e sustentável. A fiscalização desses procedimentos ajuda a proteger o patrimônio verde das cidades e a assegurar que as ações estejam alinhadas com a legislação vigente”, informou o IMA, em nota.
No caso de Capinzal, a Coordenadoria Regional de Meio Ambiente do IMA em Joaçaba realizará os procedimentos necessários para identificar possíveis irregularidades.
Leia a nota na íntegra:
“A poda de árvores é uma prática essencial para garantir a segurança e a harmonia nos espaços urbanos. Quando realizada corretamente, ela contribui para a saúde das árvores, evita acidentes causados por galhos secos ou inclinados e preserva a infraestrutura das cidades, como redes elétricas, calçadas e vias públicas.
No entanto, podas irregulares podem trazer sérias consequências. O corte excessivo ou inadequado pode comprometer a vitalidade das árvores, tornando-as mais suscetíveis a pragas, doenças e até mesmo à morte. Além disso, podas mal executadas podem gerar riscos para pedestres e motoristas, além de comprometer o equilíbrio ambiental e a estética urbana.
Por isso, antes de realizar qualquer poda, é fundamental consultar o órgão ambiental responsável. Cada município possui normas específicas para a manutenção da arborização urbana, garantindo que a intervenção seja feita de maneira segura e sustentável. A fiscalização desses procedimentos ajuda a proteger o patrimônio verde das cidades e a assegurar que as ações estejam alinhadas com a legislação vigente.
Dessa forma, ao respeitar as diretrizes ambientais e buscar orientação adequada, é possível manter o equilíbrio entre o desenvolvimento urbano e a preservação das árvores, promovendo uma cidade mais segura, bonita e ecologicamente responsável.
No caso específico, a Coordenadoria Regional de Meio Ambiente do IMA em Joaçaba realizará os procedimentos necessários para identificar possíveis irregularidades.”
Fonte: NSC Total