EnglishEspañolPortuguês

ESPANHA

Cidade de Málaga põe fim aos passeios de charrete

A Câmara Municipal revoga as últimas licenças remanescentes em troca de uma indemnização aos cocheiros que ultrapassa os quatro milhões de euros.

6 de outubro de 2025
Nacho Sánchez
4 min. de leitura
A-
A+
Foto: Jesus Merida (SOPA Images / LightRocket via Getty Images)

A cidade de Málaga, na Espanha, acabou com as carruagens puxadas por cavalos para fins turísticos. O prefeito da cidade, Francisco de la Torre, anunciou hoje (06/10) que a câmara municipal chegou a acordo com os titulares das 25 licenças que permaneceram em vigor “para antecipar o fim da atividade inicialmente prevista para 2035”, conforme explicou o vereador nas redes sociais.

Cada cocheiro receberá uma indenização de mais de 125 mil euros em troca da cessação do serviço. Ou seja, o fim da presença destes veículos nas ruas envolve uma despesa de pouco mais de três milhões de euros, aos quais se deve acrescentar mais um milhão pelas licenças revogadas anteriormente. As carruagens puxadas por cavalos continuam a operar, entretanto, em outras cidades andaluzas, como Sevilha, Jerez ou Ronda. “Mas em Málaga não há mais. Acabou”, confirma o porta-voz dos cocheiros, Antonio Domínguez.

A presença de carruagens puxadas por cavalos em Málaga tem sido objeto de controvérsia há mais de uma década. Em 2015, de fato, o Ciudadanos solicitou – sem sucesso – sua substituição por veículos elétricos antigos porque “os animais sofrem com o estresse do trânsito, poluição, ruído e há um risco óbvio de serem atropelados ao enfrentar rotas em estradas movimentadas”.

A partir de outubro desse ano é a portaria municipal que rege o setor, que previa que as 55 licenças existentes na época teriam duração limitada de 20 anos. O debate surgiu e desapareceu periodicamente desde então, especialmente no verão, quando os cavalos sofrem mais com o calor. Até janeiro passado, quando o próprio De la Torre garantiu que seus dias estavam contados em Málaga porque já estavam em andamento negociações com os cocheiros das últimas licenças para cessar a atividade o mais rápido possível.

“Damos esse passo pensando no bem-estar dos animais e na imagem que a cidade oferece ao mundo”, disse o prefeito na época. “Málaga evoluiu e agora existem muitas maneiras sustentáveis de contornar isso”, acrescentou ele na segunda-feira em um vídeo postado no Instagram.

Das 55 licenças iniciais que existiam há dez anos, aos poucos até 30 delas foram resgatadas – voluntariamente e após indenização aos titulares. Restam agora 25, cuja revogação “foi determinada pela incompatibilidade da atividade do serviço de charrete com o desenvolvimento da cidade em condições de segurança e saúde, tanto para os utentes da via pública como para os próprios animais”.

Eles tinham permissão para continuar trabalhando por mais uma década, portanto, em troca do término do serviço, os cocheiros receberam uma indenização no valor de pouco mais de 125.000 euros por cada licença, valor que foi estabelecido após uma auditoria realizada em fevereiro deste ano. A câmara municipal garante que a revogação destas e das 30 licenças anteriores envolveram um custo total de 4,1 milhões de euros.

Resta saber agora qual será o destino dos cavalos, já que o setor acredita que se não prestarem esse serviço muitos acabarão no matadouro devido ao alto custo de manutenção desses animais, do qual a partir de hoje não poderão obter retorno econômico. Fontes municipais sublinham que esta é “a responsabilidade dos cocheiros”. O porta-voz dos cocheiros, Antonio Domínguez, garante que “ainda há coisas a serem definidas” do acordo. O que está claro é que esta manhã até mesmo a sinalização vertical que indicava as áreas reservadas para carruagens puxadas por cavalos na rua Cortina del Muelle, bem como no Paseo de los Curas e na Avenida Cervantes, que serão substituídas por vagas de estacionamento para motocicletas, está sendo removida.

“Valorizamos positivamente a decisão da Câmara Municipal de Málaga”, disse o Partido Animalista com o Meio Ambiente (Pacma). “A proteção animal tem que ser transversal e não associada a nenhuma ideologia que busque apenas o oportunismo eleitoral às custas dos animais. É a única maneira de acabar com o abuso de animais”, acrescentaram em suas redes sociais, onde pediram que este passo sirva de exemplo para cidades como Sevilha, Córdoba, Palma de Mallorca, Marbella ou Mijas, “onde cavalos e burros ainda são explorados sob o sol e a chuva”.

Traduzido de El País.

    Você viu?

    Ir para o topo