A Organização Meteorológica Mundial (OMM), num relatório divulgado recentemente, avisa que não são apenas as altas temperaturas que devem ser consideradas ameaças, mas também a poluição atmosférica, cujos impactos são “frequentemente negligenciados, mas são igualmente perigosos”.
Segundo os especialistas, as ondas de calor que causaram incêndios florestais massivos no norte dos Estados Unidos da América e que aconteceram ao mesmo tempo vagas de poeiras desérticas que chegaram à Europa levaram à queda da qualidade do ar para níveis “perigosos” em 2022.
“As ondas de calor pioram a qualidade do ar”, declara Petteri Taalas, Secretário-geral da OMM, explicando que tal afeta a saúde humana, os ecossistemas, as atividades agrícolas e “as nossas vidas diárias”.
Para o responsável, “as alterações climáticas e a qualidade do ar não podem ser tratadas separadamente” e, por isso, “devem ser combatidas em conjunto para quebrar este ciclo vicioso”.
Embora a análise se refira a 2022, Taalas afirma, em comunicado, que “o que estamos a testemunhar em 2023 é ainda mais extremo”, recordando que o passado julho foi o mês mais quente alguma vez registado, “com calor intenso em muitas partes do hemisfério norte e isso continuou durante agosto”.
Lembrando os fogos que devastaram grandes porções de floresta no Canadá e no Havai, bem como em alguns países do Mediterrâneo, salienta que “isso causou níveis perigosos de qualidade do ar para milhões de pessoas, e enviou plumas de fumo por todo o Atlântico e até ao Ártico”.
O relatório, que é publicado este dia 7 de setembro, data em que se assinala do Dia Internacional do Ar Limpo, aponta que “a qualidade do ar e o clima está interligados”, porque os poluentes químicos que causam ambos. Os autores explicam que “as substâncias responsáveis pelas alterações climáticas e pela degradação da qualidade do ar muitas vezes são emitidas pelas mesmas fontes”, e que alterações numa das fontes “causa alterações na outra”.
Agosto foi o segundo mês mais quente de que há registo
O passado mês de agosto foi o segundo mais quente de sempre, apenas atrás do mês de julho deste ano, e foi o agosto mais quente desde que há registo.
Segundo análise do serviço europeu de monitorização das alterações climáticas, Copernicus, entre junho e agosto a temperatura da superfície do oceano a nível global manteve-se consistentemente nos níveis mais elevados de sempre, e o gelo marinho na Antártida nunca foi tão escasso nesta altura do ano.
Dizem os especialistas que o passado mês de agosto esteve, em média, cerca de 1,5 graus Celsius acima dos valores pré-industriais (1850-1900), um aquecimento que bateu no limite definido no Acordo de Paris, de 2015.
“O hemisfério norte acabou de ter um verão de extremos, com ondas de calor repetidas que alimentaram fogos florestais devastadores, afetando a saúde, perturbando as vidas diárias e deixando um rasto de destruição no ambiente”, lamenta Petteri Taalas, e avisa que “isto está a acontecer antes de vermos o total impacto do aquecimento provocado pelo evento El Niño”, pelo que se podem esperar ainda ais recordes.
Fonte: Greensavers