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DESPEDIDA

China lamenta morte de porco que sobreviveu a terremoto após 36 dias sob escombros

Zhu Jianqiang, como era chamado o porco, tornou-se um símbolo de resiliência na China, levando a população do país a vê-lo como uma inspiração da luta pela vida

19 de junho de 2021
Mariana Dandara | Redação ANDA
4 min. de leitura
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Foto: Johannes Eisele/AFP/2018

A morte do porco Zhu Jianqiang, que se tornou um símbolo de força na China, causou comoção em todo o país. Após sobreviver a um forte terremoto em 2008, tendo ficado 36 dias sob os escombros, o animal renasceu ao ser resgatado. O caso rendeu fama nacional ao porco e fez dele um ícone chinês.

Na última quinta-feira (17), o anúncio da morte de Zhu Jianqiang aos 14 anos gerou tamanha repercussão que a hashtag #PorcoForteMorreu foi visualizada quase 300 milhões de vezes no Weibo, uma rede social chinesa semelhante ao Twitter.

O animal sobreviveu a um terremoto de magnitude de 7,9 que devastou a província de Sichuan, localizada no sudoeste da China. Estimativas apontam a morte ou desaparecimento de 90 mil pessoas após o abalo sísmico ocorrido em 12 de maio de 2008.

Até mesmo no nome do porco havia uma homenagem por parte dos chineses. Isso porque Zhu Jianqiang significa “Porco Forte” em português. A sobrevivência dele, portanto, foi vista como um verdadeiro milagre. Para não morrer, o animal recorreu a um saco de carvão vegetal e à água da chuva, que foram seus únicos alimentos. Sua luta pela vida fez dele um símbolo chinês que representava a vontade de viver.

Na época do terremoto, Zhu Jianqiang foi encontrado em condições de debilidade extrema. Entretanto, todo o sofrimento que passou e a gravidade de seu estado de saúde à época lhe serviram de incentivo para se fortalecer ainda mais quando começou a receber cuidados médicos.

As dificuldades que viveu, a resiliência que mostrou ter e a admiração que conquistou dos chineses, porém, não impediram que ele fosse tratado como um objeto passível de venda. Comprado por um museu localizado nas proximidades da cidade de Chengdu, o porco foi explorado para entretenimento humano até à morte.

Conforme anunciado pelo museu, na noite de quarta-feira (16), Zhu Jianqiang morreu em decorrência de sua “idade avançada e pelo esgotamento”.

Pelo fim da exploração animal para entretenimento humano

Tratados como mercadorias, animais são confinados em zoológicos, aquários e até museus – como ocorreu na China com o porco Zhu Jianqiang – em nome do lucro dos proprietários desses estabelecimentos e do entretenimento dos visitantes, que são os principais responsáveis pela existência desses locais, já que sem público nenhum deles existiria.

Zhu Jianqiang sobreviveu a um terremoto, passou mais de um mês sob escombros, resistiu ao impossível. Foi visto como um milagre. Mas nada disso foi suficiente para garantir que o animal tivesse reconhecido o que sempre foi inerente a ele: a condição de ser senciente, que detém direitos fundamentais, dentre eles o de viver em paz sem ser objetificado e tratado como fonte de lucro e entretenimento.

Foto: Johannes Eisele/AFP/2018

Animais não devem ser comercializados, tampouco expostos como se fossem atração, sejam eles domésticos, domesticados, silvestres ou exóticos. Não há nada que justifique, nem mesmo a falsa ideia de “educação ambiental”. Não há educação sem ética, portanto não é possível educar uma sociedade ensinando-a que deve-se condenar um animal a viver em um recinto para ser observado enquanto quem o observa paga para estar diante dele. Quem é beneficiado? Quem é prejudicado? As perguntas são retóricas.

Não existe nenhum benefício para os animais, nem mesmo em zoológicos e aquários que dizem reproduzir espécies para salvá-las da extinção. Preservar uma espécie privando-a do que lhe é básico, como o direito à liberdade, é um interesse exclusivamente humano. Faz parte da natureza de animais silvestres e aquáticos viver no próprio habitat e desfrutar dele, portanto, preservar espécies para trancafiá-las em recintos e tanques de zoológicos e aquários é uma prática cruel que beneficia unicamente os que obtêm lucro e diversão ao mantê-los presos.

Preservação ética e voltada aos interesses dos animais é aquela que tem como finalidade a manutenção de animais na natureza. Instituições que reproduzem espécies em cativeiro e realizam a soltura posteriormente, sem expor os animais ao público para lucrar, realizam a única forma de preservação de espécies ameaçadas de extinção que deveria receber esse nome. O resto carrega o título de “preservação”, mas de maneira vazia e antiética.

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