Segundo uma pesquisa da Universidade de Bristol, na Inglaterra, os cães não apenas percebem quando seu tutor está nervoso ou irritado, mas também podem ser emocionalmente contagiados pelo cheiro do estresse humano.
O estudo, divulgado em um artigo da revista Scientific Reports na última segunda-feira (22), mostra que essa emotividade pode até influenciar as escolhas do cachorro, fazendo ele adotar um viés mais “pessimista”.
De acordo com evidências científicas, o odor de uma pessoa de fato muda de acordo suas emoções. Subconscientemente, quem está ao seu redor acabam sendo afetados por essa mudança, sofrendo influências nas suas próprias emoções e escolhas.
O objetivo dos pesquisadores foi explorar se essa resposta emocional também estava presente nos doguinhos. Para isso, os pesquisadores fizeram uma série de testes, utilizando diferentes cheiros humanos, com 18 cães.
Em um primeiro momento, eles foram treinados para associar um local específico da tigela com um petisco, enquanto outro local estava sempre vazio. Após aprenderem a fazer essa distinção, os cães demonstraram uma preferência por se aproximar mais rapidamente do local onde havia o petisco em comparação ao local vazio. Os pesquisadores então avaliaram a velocidade com que os cães se aproximavam de novos locais de tigela, posicionados entre os dois locais originais.
A aproximação rápida dos lugares onde havia petiscos foi colocada como uma resposta “otimista”, enquanto a lenta indicava “pessimismo”. Esses experimentos foram conduzidos repetidamente enquanto os cães eram expostos a nenhum odor, ao odor de amostras de suor e hálito de humanos em um estado estressado ou relaxado.
Os testes mostraram que, ao serem expostos ao cheiro de um humano nervoso, os cachorros se aproximavam mais cautelosamente em direção aos locais das tigelas mais próximas do local onde anteriormente estava vazia – o que não foi observado com o odor relaxante. Esse comportamento pode indicar um possível aumento de expectativas negativas de que o novo local não teria um petisco.
“Os tutores de cães sabem o quão sintonizados seus animais domésticos são com suas emoções, mas, aqui, mostramos que até mesmo o odor de um humano estressado e desconhecido afeta o estado emocional do cão”, afirma Nicola Rooney, professora da Escola Veterinária da Universidade de Bristol e autora do artigo, em comunicado. “Os adestradores de cães-trabalhadores geralmente descrevem o estresse viajando pela guia, mas também mostramos que ele também pode viajar ‘pelo ar’.”
As descobertas apontam que o pessimismo dos cães na hora de se dirigir às tigelas reflete um estado emocional desfavorável e pode ser uma estratégia para o cão economizar energia e evitar desapontamentos. Além disso, a equipe observou que os cães continuaram a aprimorar seu entendimento sobre a presença ou não de comida nos dois locais de tigela, e demonstraram um progresso mais rápido na presença do odor de estresse.
Os resultados são importantes para traçar novas possibilidades de adestramento de cães, e ajudar na compreensão de como as emoções humanas podem afetar seu aprendizado e o estado emocional. “Entender como o estresse humano afeta o bem-estar dos cães é uma consideração importante para cães em canis e ao treinar cães de companhia e cães para funções de trabalho, como cães de assistência”, afirma Rooney.
Fonte: Galileu