As cheias que têm vindo a devastar o nordeste da Austrália ao longo das últimas semanas estão começando a afetar a Grande Barreira de Corais, o maior recife de coral do mundo, declarado Património da Humanidade em 1981.
De acordo com a revista “Nature”, algumas áreas no sudeste do recife, que se estende por mais de dois mil quilômetros ao longo da costa de Queensland, já foram afetadas pela água contaminada provinda dos rios deste estado, o mais afetado pelas fortes chuvas.
Os cientistas australianos acreditam que demorará vários anos a avaliar o impacto das cheias, que podem afetar todo o ecossistema do recife. Segundo Katharina Fabricius, do Instituto Australiano de Ciência Marinha, em Townsville (Queensland), serão precisos pelo menos três anos para se perceberem estas consequências e, mesmo que os corais sobrevivam para já, dentro de meses poderão começar a morrer, a não se reproduzir ou a reduzir o seu crescimento.
“Nunca tínhamos visto tanta água a invadir o recife , mesmo com os rios do sudeste de Queensland a transbordar”, assegurou Michelle Devlin, investigador da Universidade James Cook, em Townsville, que está a monitorizar a descarga de água poluída para a Grande Barreira de Corais. De acordo com os cálculos da sua equipa, as enchentes de apenas dois rios cobrem 11 por cento da superfície oceânica do maior santuário de vida marinha.
Até mesmo as águas limpas podem pôr em risco os corais mais frágeis. No entanto, são as contaminadas com fertilizantes, pesticidas e outros produtos que representam um risco maior. Os investigadores acreditam que, ao longo das próximas semanas, estas águas vão continuar a espalhar-se pelo oceano, embora a velocidade com que isso vai acontecer dependa do vento.
“Em terra a situação está a melhorar mas o impacto no mar continuará a aumentar”, alertou Britta Schaffelke, que investiga a qualidade da água no Instituto Australiano de Ciência Marinha. Os especialistas lembram ainda que este panorama, que já não é favorável, pode ainda agravar-se visto que o período das chuvas ainda está no início, havendo o risco de mais cheias.
Fonte: Ciência Hoje