A imagem de uma gatinha pintada de azul, abandonada dentro de uma caixa de papelão, deixou Amauri Gomes chocado.
Ativista da causa animal há 13 anos, ele está acostumado a receber denúncias de maus-tratos. Mesmo assim, a cena o surpreendeu.
“Fiquei absolutamente sem palavras. Como pode alguém pintar um animal e promover aquele sofrimento todo?”, questiona.
A gata estava com o corpo todo coberto por tinta acrílica, daquelas usadas para pintar estruturas metálicas. Como esse tipo de produto endurece, ela não conseguia se mover.
Amauri conta que recebeu o pedido de ajuda, com um vídeo mostrando a situação da gatinha, no dia 20 de julho. “Imediatamente fui até o local para averiguar se era procedente aquela barbárie.”
Chegando lá, no bairro Santa Etelvina, na zona norte de Manaus, no Amazonas, o ativista perguntou aos moradores, mas ninguém sabia do caso.
Quando já estava quase desistindo de procurar, ele ouviu um miado bem fraquinho vindo de dentro de uma caixa de papelão, que estava embaixo de um caixote.
Sem pensar duas vezes, pegou a gatinha e foi direto para casa.
Amauri é formado em engenharia, mas, por causa de seu trabalho como ativista, atualmente cursa medicina veterinária e já está no décimo período da graduação.
“Coletei uma amostra de sangue e mandei para a clinica veterinária que sou proprietário. Enquanto aguardava o resultado do exame, fui tentando remover a tinta com óleos de banho terapêuticos”, relata.
Foram quatro dias fazendo o mesmo procedimento até remover o produto por completo. “Como se tratava de uma tinta a óleo, ela endurece formando uma camada dura, por isso a gatinha não conseguia se quer se locomover”, diz.
A filhote, que tem cerca de dois meses de idade, perdeu pelos e teve irritações em algumas partes do corpo, como pequenas úlceras bolheadas, muito parecidas com as de queimaduras.
Ela também ficou com a urina muito concentrada e diarreia aquosa e sanguinolenta, provocadas provavelmente por intoxicação.
Amauri e a esposa se apegaram à gatinha e decidiram adotá-la. Agora ela se chama Blue e mora com o casal, mais oito gatos e seis cães.
“Hoje ela está bem fisicamente e clinicamente. É uma gatinha bem carinhosa e companheira, gosta de ficar perto de humanos, mesmo tendo sido vítima de um”, diz o ativista.
Fonte: Folha de SP