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POLUIÇÃO

Cetesb identifica indústria responsável por mortes de peixes no Rio Piracicaba, prevê punição severa e faz alerta à população

Companhia orienta para que pessoas evitem contato direto com água do manancial. Pescadores relataram presença de espuma em trecho do rio e coloração anormal na água.

10 de julho de 2024
g1 Piracicaba e Região
9 min. de leitura
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A Cetesb alerta a população para evitar contato direto com a água do Rio Piracicaba, assim como a manipulação ou consumo dos peixes mortos encontrados às margens do manancial. O resíduo foi despejado no Ribeirão Tijuco Preto, que deságua no rio.

A Cetesb afirmou que equipes da companhia monitoram a operação da Usina São José S/A Açúcar e Álcool, responsável pelo problema, para evitar novos despejos. A informação foi divulgado em novo boletim atualizado sobre o caso, enviado às 18h deste domingo a EPTV, afiliada da Globo.

“[As equipes da Cetesb] exigiram que fosse feita a limpeza dos resíduos empoçados em alguns trechos do rio, o que está sendo feito”, afirma no documento.

EPTV e o g1 procuraram a Usina São José S/A Açúcar e Álcool e aguardam posicionamento sobre o caso.

Apesar da constatação de que o lançamento de efluentes cessou, na manhã desta terça-feira (9), dois dias após o lançamento dos resíduos industriais, ainda havia peixes boiando às margens. 👉Veja aqui.

Um relatório parcial sobre as constatações deverá ser divulgado nesta quarta-feira (10), segundo informou a Cetesb.

Em nota anterior, enviada ao g1 às 12h46 desta terça-feira (9), a Cetesb afirmou que são previstas punições severas. A empresa responsável deverá ser investigada por crime ambiental – Leia documento, na íntegra, abaixo.

“A Cetesb recebeu as primeiras denúncias sobre o caso no último domingo (7) e enviou imediatamente equipes para apurar as circunstâncias, em parceria com o Serviço Municipal de Água e Esgoto (SEMAE), com o Pelotão Ambiental da Prefeitura de Piracicaba e com a equipe de operação da Barragem de Salto Grande. Amostras coletadas estão em análise e já foi identificada e cessada a origem do derramamento, ocasionado por uma indústria da região. Um relatório parcial será divulgado amanhã, com previsão de punições severas para o agente responsável. A população deve evitar contato direto com a água do rio e os peixes mortos não devem ser manipulados, nem consumidos”, conclui.

A Cetesb informou ainda em nota enviada na noite desta terça-feira (9), que monitora a qualidade da água por meio do Sistema de Monitoramento da Qualidade da Água (Simqua).

“Já na tarde do dia 9 de julho, a sonda instalada na estação automática de Piracicaba apontava uma recuperação considerável na quantidade de oxigênio dissolvido (de 0 para 2,65 mg/l e 2,72mg/l, indicando melhora a cada período), condições mais favoráveis para a sobrevivência dos peixes. Junto com o Comitê das Bacias Hidrográficas dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ) a Cetesb instalará uma segunda sonda de monitoramento automático da qualidade da água no trecho, a fim de aprimorar as análises e fornecer subsídios para o reforço da fiscalização na região”, relata em trecho do boletim.

Comitê sugere medida paliativa

O Comitê das Bacias Hidrográficas dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ) sugeriu a liberação de mais água a partir do reservatório de Americana como uma providência paliativa, mas não totalmente efetiva, de amenizar a mortandade causadas por problemas na qualidade da água devido a despejos irregulares.

O órgão pede investigação para saber se o lançamento foi acidental ou proposital e cobre ações punitivas. A cena de peixes mortos às margens do Rio Piracicaba chamou atenção de quem passou pelo manancial e pescadores ouvidos pela EPTV, afiliada da TV Globo, relataram que também havia espuma na água e a coloração era anormal.

Na manhã desta segunda-feira (8), o cenário ainda era peixes mortos às margens do Rio Piracicaba, conforme constatou a equipe da EPTV, que percorreu alguns pontos do manancial.

O Comitê das Bacias Hidrográficas dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ) aposta na implantação de infraestrutura para coleta e tratamento de esgoto, de tratamento der efluentes e providências para proteger as nascentes. Em nota, sugere que:

“Do ponto de vista da “gestão de recursos hídricos”, uma providência imediata e paliativa, seria a liberação de mais água a partir do reservatório de Americana, na tentativa de diluir essa carga que está causando mortandade. Essa providência, de todo, não seria de total eficiência pois, a distância entre o reservatório de Americana e o ponto onde os peixes estão sendo encontrados é de 58km cujo tempo de trânsito desta água seria de mais de 20 horas, sendo uma reação pouco eficiente em face do já acorrido”, comunicou em trecho do documento.

Monitoramento automatizado

Em relação ao monitoramento da qualidade das águas, o Comitê PCJ afirma que está focado na implantação de estações tecnológicas de monitoramento automatizado, tendo, segundo o documento, já deliberado aprovação de investimentos.

“[…] Em parceria com a Cetesb, pretendemos viabilizar a implantação de mais 4 sondas especificamente no trecho onde esse tipo de mortandade tem acontecido. Com a total implantação destes mecanismos, estima-se identificar com mais precisão o momento, a origem e o tipo de carga poluidora presente no rio, sendo um importante instrumento para apoiar e melhorar a gestão de recursos hídricos e auxiliar os órgãos competentes a tomarem as devidas medidas punitivas”, acrescenta.

Secretaria de Meio Ambiente

De acordo com o Secretário de Meio Ambiente, Ronaldo Delfini Cançado, a pasta foi informada por volta de 7h e acionou órgãos competentes, como o Serviço Municipal de Águas e Esgoto (Semae), o pelotão de Meio Ambiente e a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb).

O Semae informou em nota que monitora a qualidade da água e notou, a partir das 4h deste domingo, alterações na quantidade de oxigênio, situação que agravou por volta de 6h.

Cetesb identifica origem da descarga

g1 também questionou a Cetesb, que informou que técnicos da Agência Ambiental de Piracicaba coletaram amostras para análise e que seguirá monitorando o rio.

“Técnicos da Cetesb voltaram a campo hoje (8). Durante as vistorias, eles identificaram de onde partiu a descarga irregular de efluentes lançados no Ribeirão Tijuco Preto. O Ministério Público já foi informado. Assim que saírem os resultados das análises será definida a penalidade que será aplicada”, garantiu.

O ponto mais crítico foi avistado no bairro Nova Piracicaba, na rampa pública de barcos. Gian Carlos Machado, que é pescador e representante de um grupo de defesa do rio, afirma que o problema estaria concentrado na saída de água da ponte pênsil, na Rua do Porto.

“A gente subiu até uma certa altura do rio e encontrou uma grande espuma, perto da ponte que é o principal cartão postal da cidade. Tinha uma água muito escura, espumante, com uma espuma bem anormal para a realidade do rio”.

“Em alguns outros pontos não foi encontrada essa mortandade de peixes. Essa mortandade está vindo depois do ribeirão Tijuco Preto. Vem se estendendo por toda orla do Rio Piracicaba”.

O secretário Ronaldo Delfini Cançado afirma que análises serão realizadas. “Chama a atenção. Claro que nós estamos em uma época de, relativamente, seca. A oxigenação [da água] nessa época é mais baixa, mas estamos trabalhando para detectar o mais rápido possível”.

Fonte: g1 Piracicaba e Região

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