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MUDANÇAS CLIMÁTICAS

Cerrado: o berço das águas e da vida pede socorro

Com a biodiversidade mais rica do planeta, o bioma que tem sofrido recorde de desmatamento e incêndios florestais preocupantes, é celebrado nacionalmente, hoje, 11 de setembro

12 de setembro de 2023
Laezia Bezerra
5 min. de leitura
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Foto: Ilustração | Freepik

Com uma área de 2.036.448km², o Cerrado é a segunda maior região biogeográfica da América do Sul. O bioma, que nos últimos tempos, tem sofrido recordes de incêndio e de desmatamento, é celebrado neste 11 de setembro, considerado o Dia Nacional do Cerrado. A savana com a biodiversidade mais rica do planeta. Especialistas defendem que a preservação da natureza é absolutamente compatível com o desenvolvimento econômico e social.

Dados do Instituto Brasília Ambiental (Ibram) mostram que, a partir da década de 1970, o Cerrado se transformou em uma nova e importante fronteira agrícola brasileira. Essa transformação modificou aspectos socioeconômicos regionais e impulsionou a produtividade agropecuária, colocando o Brasil entre os principais produtores mundiais de commodities agrícolas.

A vegetação do Cerrado desempenha um papel importante na regulação do clima regional e global. “Ele ajuda a reduzir as temperaturas e controlar os padrões de chuva, fornece serviços ecossistêmicos vitais, como polinização de cultivos, controle de pragas naturais e purificação do ar e da água. Além de abrigar uma grande diversidade de espécies de plantas, animais e micro-organismos, contribuindo para a manutenção da biodiversidade global.”

De acordo com o MapBiomas do Observatório do Clima, uma das principais causas de desmatamento no ecossistema é a atividade agrícola, que ocupa cerca de 25,5 milhões de hectares e cresceu mais de 500% desde 1985. Somando-se as áreas usadas para plantio e para pastagem de animais, a agropecuária se estende por cerca de 75,5 milhões de hectares.

O MapBiomas, detalha também que, em 1985, o DF tinha 50,2% de sua área (289.100 ha) coberta por vegetação natural e, em 2021, 46,6% (250.996 ha). Uma perda total de 38.104 hectares (13% da cobertura natural em 36 anos). Esses dados mostram que, entre 2018 e 2021, o DF perdeu, por ano, em média, 0,38% de sua cobertura natural.

A Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Proteção Animal do DF (Sema) destacou em nota que, em 2020, foi realizada uma consultoria para a produção de um Mapa da Cobertura Vegetal e Uso do Solo do DF. O objetivo foi mapear todas as fitofisionomias da vegetação nativa do Bioma Cerrado e as diferentes antropizações urbanas e agrícolas conforme o manual de uso do solo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e o Inventário Florestal Nacional, com informações compatíveis com a escala 1:25.000.

O mapa foi feito com combinações de processamentos digitais por objetos e séries temporais de imagens de satélite entre 2018 e 2020. “O resultado é muito próximo dos dados apresentados pelo MapBiomas, identificando, para o período, cobertura de cerrado de 47,8%”.

De acordo com o chefe da Assessoria de Biodiversidade e Proteção Ambiental da Sema, Leonel Generoso, para preservar o bioma existente é importante cuidar do remanescente no Cerrado, tanto para o desenvolvimento ambiental, como social. “Para preservar o meio ambiente, estamos incentivado a diminuição de adubos químicos e o uso de técnicas em que não ocorra a poluição do ar, do solo e da água, assim como a agricultura orgânica e sistemas de captação de águas das chuvas que estão sendo utilizados na irrigação, para reduzir desmatamentos e recuperar áreas degradadas”, destaca Leonel.

Além disso, a secretaria informou que está realizando campanhas e ações de combate a incêndio florestais e intensificando a fiscalização aos crimes ambientais. “O cerrado possui uma riqueza no que se refere a diversidade de fauna e flora, é uma gigantesca fonte de recursos alimentares, medicinais, turísticos e culturais. É fundamental no que se refere ao ciclo hídrico, considerando a manutenção do suprimento e a qualidade de água na região em que ocorre e em outros biomas, incluindo a floresta amazônica”, lembra Leonel.

Presidente do Instituto Regenerativo – Templo de Plantar, Paulo César Araújo, de 59 anos, ressalta que o Cerrado do DF carece de reflorestamento de várias espécies nativas, para que haja equilíbrio. Integrantes do instituto lançaram um desafio em 2011: plantar 1 milhão de árvores por meio do Projeto Rio São Bartolomeu Vivo, meta cumprida em 2014.

Em 2019, o movimento conseguiu plantar 29 mil mudas no Cerrado candango, mas a pandemia causada pela covid-19 interrompeu a iniciativa, que será retomada no primeiro domingo do mês de dezembro deste ano. “Temos um decreto do governo local que institui o Dia de Plantar, com isso, daremos continuidade ao nosso objetivo, que é preservar o Cerrado e plantar diversidades.”

O Instituto Regenerativo — Tempo de Plantar tem um comitê organizado em todo o Distrito Federal, onde parte da sociedade adere o movimento para salvar o Cerrado. “Tenho 59 anos e em dezembro vou plantar a muda de número igual à minha idade”, conta Araújo. Preservar as matas, a flora e a fauna brasileira, é algo essencial para as gerações futuras – e para a humanidade.

Árvores do Cerrado

Acácia
Angico Angico Vermelho
Araticum
Araticum Cagão
Aroeira
Bálsamo
Barbatimão
Baru
Braúna
Capitão do mato
Cedro
Copaiba
Cuvantã
Dedaleiro
Embaúba
Emburana
Falso barbatimão
Fedegoso
Figueira Branca
Folha De Serra
Gerivá
Goiaba
Gonçalo Alves
Graviola
Guaçatunga
Guapuruvu
Guatambu
Gurucaia
Imbiruçu

Ingá
Ipê amarelo
Ipê Amarelo
Ipê Amarelo Da Serra
Ipê Branco
Ipê do Cerrado
Ipê Rosa
Ipê Roxo
Ipê Roxo Sete Folhas
Ipê Verde
Ivai
Jacarandá caroba
Jacaranda De Minas
Jacarandá do cerrado
Jambo
Jatobá
Jatobá do cerrado
Jenipapo
Jequitibá
Lixeira
Louro Pardo
Louveira
Mamica De Porca
Mulungu )
Murici do cerrado
Mutambo
Olho de Cabra
Paineira Rosa
Palmito Jussara
Papagaio
Pata de Vaca
Pau Polvora
Pau Cigarra
Pau D’alho
Pau de Formiga
Pau de Leite
Pau Ferro
Pau Formiga
Pau terra
Pimenta de macaco
Pitanga
Pororoca
Saboeiro
Saguaragi
Sangra D’água
Sibipiruna
Tamboril
Taruma

Fonte: Correio Braziliense

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