Um estudo realizado pela Conservative Animal Welfare Foundation aponta que anualmente, pelos menos 99 milhões de animais são mortos para consumo sem nenhuma insensibilização ou atordoamento. Isso significa que os animais sentem todo o sofrimento físico e emocional de serem assassinados e verem outros animais sendo mortos na sua frente.
O atordoamento realizado em matadouros é feito para que os animais fiquem insensíveis à dor. Ativistas argumentam há muito tempo que matar os animais sem o procedimento torna o sofrimento inaceitável. Alguns líderes religiosos aceitam a carne de animais “atordoados” desde que possam recuperar a consciência, já outros recusam-se a aceitar, o que resulta em centenas de milhares de animais mortos por semana enquanto ainda estão acordados.
O relatório feito pela Conservative Animal Welfare Foundation calculou que o total de carne resultante dos métodos religiosamente aprovados é quatro vezes maior que o que muçulmanos e judeus no Reino Unido necessitam. Segundo o documento, o excesso de oferta pode variar entre 32% a 278%, o que representa um número entre 34 a 99 milhões de animais mortos sem atordoamento todos os anos.
O documento ainda diz que o sofrimento significativo causado pela morte sem atordoamento mostra que é necessário que o número de animais mortos pelo método seja reduzido para uma quantidade mínima necessária para atender as comunidades religiosas presentes no Reino Unido.
Dados da agência governamental do país, a Food Standards Agency, descobriram que no ano de 2018, um quarto das ovelhas destinada a consumo foram mortas sem atordoamento. No entanto, o documento também informa que os rótulos dos alimentos nem sempre informam com precisão sobre os métodos realizados, alertando que lojas não religiosas podem vender carne Halal e Kosher e consumidores não religiosos podem comprar sem saber.
A carne de animais não atordoados que sobra acaba sendo vendida no exterior. O Reino Unido exporta por ano um quarto da carne de ovelha não atordoada, 6% do total de carne ovina produzida no país, segundo a Conservative Animal Welfare Foundation.
O relatório cita também países que criaram regras mais rígidas. Alguns países da Europa, como Holanda e Suécia, proibiram totalmente a morte de animais sem atordoamento. Na Nova Zelândia, apesar da proibição, o país mantém a exportação para países muçulmanos e o melhor exemplo de restrição está na Alemanha, que não baniu o método, apenas impôs uma restrição bem-sucedida.
Os autores do relatório chamam a atenção do governo, que anteriormente já disse ter planos para restringir a morte sem atordoamento, para que se reduza o número e consiga atender as demandas da comunidade muçulmana e judaica.
Anteriormente, no início deste ano, o ministro do bem-estar animal Lord Goldsmith disse ao The Independent que o governo estava tomando medidas para acabar com o excesso de oferta. Um porta-voz do Departamento do Meio Ambiente, Alimentos e Assuntos Rurais disse que preferiria que todos os animais fossem atordoados antes da morte, mas respeita os direitos dos judeus e muçulmanos de comer a carne preparada conforme a religião pede. Ele também diz que conforme o plano de bem-estar animal, o governo está analisando as melhorias que podem ser feitas e irá trabalhar as propostas nos próximos meses com as partes interessadas.
Uma revisão feita esse ano na lei de bem estar-animal sobre a morte de animais para consumo definiu potenciais melhorias, o que o governo diz estar considerando.