Pesquisadores da Scottish Association for Marine Science (SAMS) em Oban, na Escócia, encontraram vestígios microscópicos de plástico em 48% das estrelas-do-mar e dos caracóis analisados de Rockall Trough. Os níveis de ingestão dos resíduos foram comparáveis aos encontrados em espécies que habitam águas costeiras mais rasas.
Os microplásticos são pequenos pedaços de plástico com menos de cinco milímetros e, quando ingeridos por animais marinhos, podem entrarna cadeia alimentar.
Embora os cientistas já tenham encontrarado vestígios de microplásticos no mar profundo, esta pesquisa, publicada na revista Environmental Pollution, é a primeira que quantifica a ingestão de microplásticos em invertebrados que vivem em áreas profundas.
Foram identificados vários materiais plásticos. O documento mostra como substâncias naturais, como o polietileno usado para fazer sacolas de plástico, podem ser encontradas dentro de ouriços do mar, estrelas-do-mar e caracóis marinhos.
O poliéster foi o plástico mais identificado, principalmente sob a forma de fibras microscópicas, e, embora não seja possível saber definitivamente sua origem, a substância é amplamente utilizada em roupas e pode chegar ao mar por meio das águas utilizadas em máquinas de lavar, informa o Phys.
A autora principal do trabalho “Poluição microplástica identificada em águas profundas e ingerida por invertebrados bênticos no Rockall Trough, Oceano Atlântico Norte” é Winnie Courtene-Jones, pesquisadora de doutorado da University of Highlands e das Ilhas, com sede em SAMS.
“Os microplásticos estão espalhados no ambiente natural e apresentam inúmeras ameaças ecológicas, como a diminuição do sucesso reprodutivo, o bloqueio dos tratos digestivos e a transferência de poluentes orgânicos para organismos que os consomem. Mais de 660 espécies marinhas em todo o mundo são afetadas por plásticos. Há muitas evidências de microplásticos perto de águas costeiras, mas pouco se sabe sobre a extensão da poluição plástica no oceano mais profundo”, explicou.
“O mar profundo é a maior, mas também a parte menos explorada do planeta e pode ser o lavatório final para os plásticos. É preciso mais trabalho no ambiente oceânico para compreender o destino em longo prazo dos plásticos marinhos”, finalizou.
O estudo descobriu que a quantidade de plásticos ingeridos varia de acordo com as espécies, mas não se relaciona com o tamanho ou os hábitos alimentares dos animais.