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HOLOCAUSTO

Cerca de 17 milhões de animais morreram durante as queimadas no Pantanal, revela estudo

17 de dezembro de 2021
Vanessa Santos | Redação ANDA
2 min. de leitura
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Foto: Reuters |Amanda Perobelli

A revista britânica “Nature” publicou nessa semana um estudo realizado no Brasil por 30 pesquisadores de órgãos públicos, universidades e organizações não-governamentais que estima a morte de, pelo menos, 17 milhões de animais vertebrados em consequência das queimadas que atingiram o Pantanal em 2020.

A pesquisa revela que os animais mais atingidos foram as pequenas cobras, principalmente as aquáticas. Cerca de 9 milhões de espécimes foram encontradas mortas.

Nos registros feitos, não foi possível realizar a contagem de animais que vivem em tocas ou dentro de ocos de árvores, entendendo que as mortes contabilizadas estão muito aquém da realidade. Vertebrados muito pequenos também ficaram fora dos números divulgados.

A busca em campo era realizada até 72 horas após o início de cada foco de incêndio, sendo a maior parte dos casos catalogados entre 24 e 48 horas. As pesquisas ocorreram entre o dia 1º de agosto e 17 de novembro de 2020 em todo território pantaneiro.

Foto: Ilustração | Pixabay

O parecer abrange o período entre janeiro e novembro do ano passado e atestou que o bioma do Pantanal perdeu 26% do seu território, cerca de 4 milhões de hectares. Essa foi a maior tragédia já registrada na história do bioma.

O levantamento separou os animais em dois grupos: pequenos vertebrados (menos de 2kg), como anfíbios, pequenos lagartos, cobras, pássaros e roedores; e médios para grandes vertebrados (2kg ou mais), como queixadas, capivaras, mutuns, grandes cobras, tamanduás e primatas.

“Esses animais possuem baixa capacidade de locomoção, o que dificulta a fuga durante um incêndio. Durante a estação seca costumam ficar enterradas em áreas de campo inundáveis. Quando o fogo atinge uma área úmida seca é bastante comum ocorrer o incêndio de turfa, que consome a espessa camada de matéria orgânica. Esse tipo de fogo é de difícil combate e detecção, podendo queimar por semanas e atingir os animais que habitam esses ambientes”, explicou a bióloga Gabriela do Valle Alvarenga, pesquisadora da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), participante da pesquisa.

Foto: Arquivo Pessoal | Silas Ismael

A biodiversidade do Pantanal é composta por mais de duas mil espécies de plantas, 269 peixes, 131 répteis, 57 anfíbios, 580 aves e pelo menos 174 mamíferos. O número de invertebrados é ignorado.

Animais como cervos, veados, antas e onças não foram observados dada a baixa densidade populacional dessas espécies no bioma. Contanto, eles foram regularmente encontrados durante os trabalhos de combate aos incêndios, já sem vida ou feridos perto das estradas.

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