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Centro de Zoonoses abre portas e mostra a vida de cães abrigados

3 de julho de 2015
6 min. de leitura
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Foto: Paulo Martins
Foto: Paulo Martins

A convite do secretário de Meio-Ambiente, Valmir de Quadros, a reportagem do Portal Ijui passou parte da manhã junto ao Centro de Zoonoses de Ijuí, local conhecido popularmente como Canil Municipal, onde pode-se conferir a situação do local e de cada animal que está abrigado sob responsabilidade do município.
Antes de ver os animais, o secretário Valmir apresentou a equipe que o acompanha todos os dias no local, duas tratadoras e a veterinária Andressa Gressller.
Como é de conhecimento popular, o Canil está localizado ao lado do antigo lixão municipal, local que hoje é utilizado como centro de transbordo de lixo, cujo material dali é levado para o aterro em Giruá.
No entanto, muitos animais são abandonados nas imediações do Canil e do Lixão e acabam vivendo na rua ou vão até as propriedades rurais mais próximas em busca de comida.
Estes cães são abandonados por populares que não querem mais os animais e os acabam largando na zona rural.
De acordo com o secretário, após a grande repercussão das fotos publicadas pela Gicai e APV nas redes sociais e o Portal Ijui.com, surpreendentemente, mais animais foram abandonados nas imediações do Canil.
Resgates
A maioria dos animais que estão no Canil foram vítimas de maus-tratos, atropelamento ou abandono.
Valmir mostrou casos como de um filhote, que chegou há poucos dias, que caiu dentro de um buraco da Corsan e teve hipotermia.
A pessoa que o resgatou levou o animal até a veterinária do Centro de Zoonoses. Ela já havia tentado reaquecer o pequeno cachorro, mas sem sucesso.
Com o tratamento necessário, ele conseguiu sobreviver e está em recuperação no local.
Cadela exibe no peito a cicatriz de uma facada que lhe deixou agonizando
Muitos cachorros são recolhidos dos próprios tutores por maus-tratos, agressões, tentativas de morte e todo tipo de maldade que possa se imaginar.
Uma cadela pitbull, que está no canil, fica resguardada, pois é agressiva com outros cães.
De acordo com Andressa, ela já foi até adotada, mas o tutor a devolveu por não se adaptar aos cães que havia na residência.
Aos humanos, ela é dócil, assim como os demais cachorros que estão no canil.
Essa pitbull, que recebeu o nome de Piti, foi mais uma vítima de maus-tratos. Ela foi resgatada de uma casa próximo ao Clube Aquático Hawai, onde havia sido esfaqueada no peito e deixada para morrer. Recebeu todo o tratamento médico necessário e hoje está curada e apta para adoção.
Outros cinco cães foram resgatados após o enforcamento de um cachorro no Alvorada, cujo tutor havia matado porque ele tinha sarna e daria o mesmo fim aos outros animais. Eles foram levados ao Canil, passaram por intenso tratamento e devem ir para a adoção no próximo mês.
Outro caso que gerou debate em Ijuí foi de um cachorro fila brasileiro, de grande porte, que era agredido por seu tutor em um terreno próximo a Cotrijuí, na rua das Chácaras. O caso foi divulgado pela imprensa há acerca de um ano. O cão está sob tutela do município e não vai para adoção, pois, infelizmente, o Ministério Público ordenou a retomada do animal ao antigo tutor. O cachorro pesa cerca de 90 quilos.
Filhotes
Foto: Paulo Martins
Foto: Paulo Martins

Muitas cadelas chegam ao canil pelo abandono, prenhas e não há o que fazer a não ser acolher e esperar ela ter os filhotes e depois castrá-las. O canil está com 5 ninhadas de filhotes, a maioria sem raça definida, porém estão recebendo todo o tratamento necessário para o seu desenvolvimento.
Na semana passada foram resgatados cachorros abandonados junto à margem da BR 285, muito magros e debilitados e estão recebendo tratamento especial.
Muitos cães, como destaca Andressa, recebem tratamento médico praticamente a vida inteira, principalmente em função de problemas de pele que a cada baixa de imunidade, acabam perdendo os pelos, o que leva muitas pessoas a pensar que estão sendo vítimas de maus-tratos.
Valmir destaca que todo o animal tem seu histórico dentro do Centro de Zoonoses.
“Todos chegam aqui com algum problema. Ou estão magros, hipotérmicos, doentes, com sarna, atropelados, maltratados, e nós fazemos tudo o que podemos para que eles se reabilitem. Não falta comida, ração, medicamento, água e abrigo para os cães. Temos um custo elevado para cada cão atropelado, são cerca de R$ 1.600,00 por cachorro, e por mês, são entre 6 a 8 atropelamentos em Ijuí”, explica o secretário.
Em relação a cerca, que também foi alvo de discussão, a obra só está parada em função da chuva.
Mas quem for ao local poderá verificar que a estrutura está sendo toda refeita para evitar fugas do local. A nova cerca em aço galvanizado permite maior proteção e segurança aos animais, já que a antiga cerca caiu em função da queda de uma árvore no local.
Todas as baias estavam com ração, água, e abrigo fechado para os cachorros. As baias onde estavam os filhotes possuem cobertores e os que estavam em tratamento médico na clínica, ficavam em ambiente climatizado.
De acordo com Andressa, todo ano é gasto mais de R$ 10 mil com medicamentos para os cães. São cerca de R$ 18 mil de ração, que é um alimento especial para os cães com 21% de proteína, que é bem mais eficaz no revigoramento do animal doente.
Assim, cada animal possui um tratamento diferenciado e os tratadoras e a veterinária conhecem os bichos e o que cada um já passou desde sua chegada ao Centro.
Existe cinco cachorros que estão fora das baias, por não se relacionarem bem com os demais cães. Eles ficam soltos no pátio do canil, mas são sociáveis com as pessoas.
Um deles, inclusive, foi salvo da degola e outro é o morador ilustre do canil há pelo menos 10 anos, o Bafo, que é um cão idoso, que segundo Andressa, tem todo o tipo de doença e mesmo assim sobrevive, sendo cego de um olho, surdo e tendo apenas um dente.
Ao todo o Centro de Zoonoses está com mais de 65 cães abrigados.
No dia 25 de agosto, sábado, haverá campanha de adoção na Praça da República e o secretário de Meio Ambiente, Valmir de Quadros, pediu encarecidamente que aqueles que sejam capazes de uma adoção responsável que se comovam com a causa e levem um novo amigo para a casa.
Fonte: Portal Ijuí

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