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Centro de Triagem de Animais Silvestres da Bahia inicia trabalho de reabilitação de animais apreendidos

4 de agosto de 2011
4 min. de leitura
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Inaugurado em novembro de 2010, o novo Centro de Triagem de Animais Silvestres (CETAS) do IBAMA em Porto Seguro têm apostado alto na conservação da fauna silvestre brasileira.

Construído em parceria com a Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira e localizado no interior da Estação Ecológica do Pau-Brasil/CEPLAC, no interior de um dos maiores remanescentes de mata atlântica do país, o centro em Porto Seguro é um “CETAS tipo A”, o maior tipo de unidade de manejo de animais silvestres operado pelo IBAMA no Brasil, recebendo tanto os animais resgatados por outras forças policiais quanto aqueles entregues pela própria população.

Papagaio-chauá recebe microchip eletrônico, que permite sua identificação e rastreamento. Foto: CETAS Porto Seguro

O município de Porto Seguro foi escolhido para receber esta nova unidade não apenas devido a sua riqueza de espécies animais, mas por se tratar de um destino turístico estrategicamente localizado próximo à muitas unidades de conservação, universidades, aeroportos, rodovias e unidades policiais especializadas, facilitando assim o resgate dos animais, seu estudo, transporte, devolução a natureza em locais protegidos, aliada à ampla divulgação social dos resultados alcançados.

Em todo o Brasil, os animais silvestres apreendidos costumam chegar ao IBAMA muito debilitados, desnutridos, com cicatrizes e ferimentos provocados por correntes e com as asas cortadas ou atrofiadas pela falta de uso, o que pode dificultar bastante sua devolução à natureza, muitas vezes obrigando seu encaminhamento para santuários.

Funcionária do CETAS posiciona armadilha fotográfica em um dos pontos de alimentação usados pelos animais. Foto: CETAS Porto Seguro

Em Porto Seguro, esta realidade está começando a mudar graças aos investimentos em equipamentos modernos, que permitem não apenas a identificação e rastreio de cada animal, mas sua recuperação em unidades de tratamento aquecidas, de onde são transferidos para grandes unidades de exercício, recebem alimentos semelhantes aos que encontrarão na natureza e passam a se relacionar com outros indivíduos de sua própria espécie, ampliando suas chances de sobrevivência.

Inaugurando suas atividades, o CETAS Porto Seguro lançou o chamado “Projeto-Chauá, nome dado ao primeiro de uma série de projetos voltados para a reabilitação de animais silvestres e que tem como símbolo o papagaio-chauá, ave gravemente ameaçada de extinção que ocorre na Mata Atlântica no sul da Bahia.

Funcionário do CETAS construindo ninhos artificiais que serão usados pelos animais reabilitados. Foto: CETAS Porto Seguro

Este primeiro trabalho, apoiado por empresas como a Veracel Celulose, Grupo Terravista e Viação Expresso Brasileiro e ONGs como o Projeto Amiga Tartaruga, está voltado para a recuperação, soltura e monitoramento de papagaios nativos, animais ameaçados devido à destruição de seu habitat, além de sua captura e comercialização como animais de companhia.

Segundo Lucas Mota, biólogo do CETAS, as aves silvestres são os animais mais procurados pelas pessoas interessadas em comprar animais de companhia, o que estimula os traficantes a continuar retirando estes animais da natureza. Entre as aves, a situação dos papagaios-chauá é especialmente preocupante, tanto devido à pequena sua pequena taxa reprodutiva quanto pelo fato de suas populações ocorrerem apenas em alguns poucos fragmentos isolados de mata atlântica, dificultando a sua renovação populacional e intensificando os prejuízos causados pela ação de traficantes de animais silvestres.

Papagaios utilizando ninho artificial construído pelo Ibama. Foto: Ibama

Graças à construção do CETAS Porto Seguro, os papagaios e muitos outros animais receberão um tratamento antes só disponível em países do exterior, sendo medicados, identificados através de microchips eletrônicos inseridos sob a pele, e então transferidos para viveiros móveis montados nos próprios locais de soltura, onde, uma vez livres,  passarão a ser monitorados à distância através de antenas e câmaras digitais automáticas instaladas nos locais de alimentação e abrigos montados pelo próprio IBAMA para auxiliar os animais nos primeiros dias após a sua libertação.

Para Ligia Ilg, coordenadora do CETAS, este tipo de iniciativa, em que tecnologia de ponta e procedimentos modernos são empregados à serviço da conservação de espécies ameaçadas, demonstra não apenas uma maior preocupação do poder público com a proteção dos animais, mas o avanço das estratégias de conservação da fauna silvestre no Brasil.

Fonte: Popular

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