Centenas de aves migratórias, que estavam de passagem pela cidade de Nova York essa semana, morreram após chocarem-se com os enormes arranha-céus de vidro da metrópole. Foi um evento que causou a perda em massa de animais, e foi colocado em destaque nas redes sociais e de notícias pelos tweets do grupo ambientalista Audubon, que mostravam as inúmeras carcaças de aves cobrindo o chão do World Trade Center.
O número de mortes de aves nesta semana foi particularmente alto, mas a colisão de pássaros com os arranha-céus de Manhattan é um problema persistente que a NYC Audubon documenta há anos, disse Kaitlyn Parkins, diretora do grupo.
O tempo chuvoso na noite de segunda para terça-feira contribuiu para o aumento no número de fatalidades, ela acrescentou. “Nós tivemos uma grande tempestade e muitos pássaros. Isso é a combinação perfeita, que leva a um grande número de colisões de aves com janelas de prédios altos”, Parkins afirmou.
“Parece que a tempestade fez com que as aves voassem mais baixo do que de costume, ou simplesmente as desorientou”, ela disse. “Os efeitos das luzes noturnas da cidade nos animais também são muito impactantes, especialmente em uma noite nublada.”
Voluntários da NYC Audubon documentaram mortes de pássaros em locais de alto risco, principalmente durante as migrações da primavera e do outono. Melissa Breyer, a voluntária que tuitou sobre os 300 corpos de aves achados nas calçadas do World Trade Center, disse que a experiência foi “assustadora”.
“Assim que eu me aproximei dos prédios, já vi que havia pássaros mortos em todo lugar”, disse Breyer. “Não importava para onde você olhava. As calçadas estavam literalmente cobertas.”
I did this for 65 minutes straight doing one loop around @4WTC and @3NYWTC — most of these before sunrise. Please can we turn off lights during migration??? pic.twitter.com/pCXoJkUXo0
— Melissa Breyer (@MelissaBreyer) September 14, 2021
A NYC Audubon quer que os donos do World Trade Center, e de outros grandes edifícios nas redondezas, ajudem a reduzir o número de colisões acidentais diminuindo as luzes à noite, e tratando os vidros das janelas para que fiquem mais visíveis às aves. “Assim pelo menos elas conseguem ver que aquilo é uma barreira sólida, e que não é possível voar através,” Parkins explicou.
Jordan Barowitz, um porta-voz para a Durst Organization, que ajudou a desenvolver o One World Trade Center, disse em um e-mail: “Os primeiros 60 metros do edifício estão envoltos em uma película não reflexiva. Este design foi escolhido pois ajuda a reduzir consideravelmente a colisão acidental de aves, que geralmente ocorre abaixo dos 60 metros e com vidros que geram reflexo.”
Dara McQuillan, uma porta-voz do Silverstein Properties, desenvolvedor de outros três grandes arranha-céus comerciais, disse: “Nós nos preocupamos com a vida das aves e com seu habitat nos bairros de NY. Compreendendo que a luz artificial no período da noite atrai e desorienta estes animais migratórios, nós estamos estimulando os ocupantes dos escritórios do nosso edifício a desligarem todas as luzes, ou fecharem as persianas e cortinas, especialmente durante os períodos de intensa migração.”
Não foi o último voo para os pássaros que se chocaram com os prédios. Alguns conseguiram sobreviver. Um total de 77 animais foram levados na terça-feira (21/09) para o centro de reabilitação Wild Bird Fund, situado no bairro de Upper West Side. A maioria dos que estavam feridos vieram da área do World Trade Center, disse a diretora do centro, Ritamary McMahon.
“Nós sabíamos que uma grande migração estava por vir. Conseguimos prevê-la pelos radares,” acrescentou McMahon, que contratou funcionários extras para poderem cuidar do antecipado fluxo de aves feridas. Os membros da equipe da Wild Bird Fund deram alimento, água e anti-inflamatórios aos animais. Trinta deles já se recuperaram e foram liberados no parque Brooklyn Prospect na quarta-feira, disse McMahon.
“Um de nossos funcionários pegou um Uber até o parque, para que os pássaros não precisassem enfrentar mais nenhum arranha-céu no caminho”, contou McMahon.