Por Juliana Meirelles (da Redação)
Abandonados sem comida e água por seus tutores, milhares de cavalos que já seriam condenados ao matadouro agora caminham para outro inferno. As informações são do Daily Mail.
A terrível situação é destaque em um relatório feito por instituições de caridade e santuários de animais, que estão lutando com um fluxo enorme de cavalos em condições terríveis após comerciantes sem escrúpulos, atingidos por uma queda na demanda os abandonarem.
Nemo é um exemplo. Ela estava tão magra quando a resgataram que suas costelas apareciam através de sua pele. Ela também tinha deficiência em um de seus membros.
Em torno dela, em seu campo enlameado, estavam os cadáveres de outros cavalos que não conseguiram sobreviver. As equipes de resgate chegaram lá apenas a tempo para salvar a vida de Nemo.
Com o tratamento veterinário, ela teve uma recuperação completa em um santuário e oito meses depois de ser retirada do campo em Caerphilly, no sul do País de Gales, ela é hoje uma agraciada pelo HorseWorld, centro de resgate e cuidados para cavalos abandonados em Bristol.
Mas outros não tiveram tanta sorte. Watson estava pastando em um pedaço de mato. Em seu desespero por comida ele engoliu algo tóxico, levando sua pele a uma condição terrível, com manchas rosas em carne viva.
Ele foi negligenciado por tanto tempo que também tinha vermes corroendo seu corpo. Veterinários lutaram para salvar o potro de nove meses de idade, mas três dias depois de ser encontrado num campo de Bristol, em junho, ele sofreu uma enorme insuficiência renal e hepática que o levou à morte.
No total, cerca de 7.000 cavalos são considerados “em risco”, de acordo com os relatórios das principais instituições de caridade , incluindo a RSPCA e a Cruz Azul, com o escândalo de carne de cavalo como um fator significativo, mas com o excesso de criação e a recessão também desempenhando um papel.
Centros de resgate têm observado um aumento de até 40% nas admissões desde que foi revelado em janeiro que alguns alimentos de supermercado tinham sido rotulados como tendo carne de cavalo.
Especialistas dizem que há tutores que deixam seus cavalos de raça cruzarem de forma indiscriminada e ficam perdidos com os números de cavalos que nascem .
O Santuário Animal, em Dorney, Buckinghamshire, está cuidando de um terço a mais cavalos do que o ano passado e está gastando mais do que nunca nas contas de veterinários, já que muitos chegam em condições terríveis.
A administradora Diana Coad explica o aumento de cavalos no santuário: “Antes do susto da carne de cavalo tinha, infelizmente, um comércio de cavalos para a carne, agora não há mercado para eles”.
“As pessoas não querem pagar para alimentá-los ou pagar para tê-los colocado para dormir, os tutores de tão sem escrúpulos os estão escondendo em bolsões de terra e os deixam morrer de fome muito lenta e dolorosamente”, disse Coad.
Ela disse que tantos cavalos estavam chegando à porta que eles estavam tendo que recusar alguns.
“Em apenas um dia na semana passada tivemos chamadas de cerca de seis cavalos separados de suas famílias, dois cavalos esqueléticos foram trazidos para nós e um cavalo chegou num trailer em um estado tão ruim que ele desmaiou e teve que ser colocado para dormir”, disse ela.
“Tentamos ficar com os piores que podemos dar uma chance e esperamos que os outros melhores sobrevivam um pouco mais. Você se sente como um carrasco tendo que escolher qual deles cuidar, eu não acho que ninguém gostaria de tomar essas decisões de vida ou morte”.
Antes da recessão, o santuário foi capaz de realocar um cavalo a cada mês, mas nos últimos dois anos, encontrou um novo lar para apenas um pônei, pois as famílias estão escolhendo animais mais baratos.
Outras instituições de caridade de animais também têm visto um grande aumento no número de cavalos abandonados. A Assistência Mundial de Cavalos, em Blackpool, abrigou 40% a mais de animais no primeiro trimestre de 2013 em relação ao mesmo período do ano passado e investigou 22% mais queixas sobre bem-estar de cavalos.
A Cruz Azul admitiu 16% a mais de cavalos entre janeiro e março deste ano do que no ano anterior, com quatro em cada dez sendo admitidos por preocupações com o bem-estar, em comparação com menos de um terço no ano passado.