Após um verão extremo, dois ciclones e enchentes, cientistas australianos observaram uma perda significativa de corais no norte da Grande Barreira de Corais, próxima à região de Cooktown e à Ilha Lizard. Segundo o Instituto Australiano de Ciências Marinhas (Aims), essa é a maior queda anual em 39 anos, em que uma área específica perde mais de um terço de seus corais vivos.
Os corais mais atingidos foram os Acroporas ramificados e em placas, conhecidos por serem propulsores de crescimento da cobertura de corais nos últimos anos, mas particularmente vulneráveis ao branqueamento. Em uma pesquisa em 19 recifes entre Cairns e Cooktown, o Aims mostrou que, nos últimos meses, houve uma redução na cobertura de corais entre 11% e 72% em 12 dessas localidades.
O líder do programa de monitoramento de longo prazo do Aims, Dr. Mike Emslie descreveu a região como um “cemitério de corais”. Uma das regiões mais afetadas foi o Recife Innet, com uma colônia de corais mortos e passagens cobertas por algas. Segundo o especialista, na seção do Recife a cobertura de corais entre a Ilha Lizard e Cooktown caiu de 31% para 19%. Já nos arredores de Cairns, a cobertura de corais caiu em um terço, enquanto os recifes próximos a Innisfail permaneceram estáveis.
“Pelo que observamos até agora, o impacto desses eventos resultou em uma mortalidade significativa de corais nas áreas mais atingidas, embora o nível de mortalidade tenha sido variável, e alguns recifes tenham escapado de perdas substanciais”, explicou em entrevista ao The Guardian.
Sobre o fenômeno do branqueamento, o quinto a ocorrer desde 2016, o chefe de oceanos da World Wide Fund for Nature-Austrália, Richard Leck endossa que os dados confirmam os “piores temores” relacionados ao branqueamento deste ano e alerta que, mesmo com a possibilidade de recuperação da Grande Barreira de Corais, essa resiliência tem limites.
“A Austrália deve se comprometer com uma meta de redução de emissões de pelo menos 90% abaixo dos níveis de 2005 até 2035, parar de aprovar novos projetos de combustíveis fósseis e apoiar um tratado global para eliminar gradualmente todos os combustíveis fósseis”, concluiu.
A maior parte do estresse térmico foi registrada na seção sul do recife, onde cientistas estão atualmente conduzindo novas pesquisas. Cientistas preveem, até julho de 2025, o diagnóstico de 80 a 100 recifes.
Fonte: Um Só Planeta