O Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Aves Silvestres (Cemave), do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), acaba de concluir a terceira e última expedição de 2010 do projeto de implementação do Plano de Ação Nacional para a Conservação de Albatrozes e Petréis (Planacap). As três expedições foram aprovadas pela Diretoria de Conservação da Biodiversidade.
O grupo de aves marinhas apresenta ampla distribuição nos oceanos do mundo, tendo maior diversidade no Hemisfério Sul, onde ocorrem 22 espécies de albatrozes, duas de petréis gigantes e pelo menos 75 espécies menores.
A terceira e última expedição do ano esteve em campo de 17 a 29 de novembro, executando ações de prospecção, mapeamento de ninhos e monitoramento nos dois locais no Brasil onde se observa reprodução da pardela-de-asa-larga (Puffinus lherminieri): ilhas Itatiaias, no Espírito Santo, e arquipélago de Fernando de Noronha, em Pernambuco.
Também foram monitorados ninhos do rabo-de-junco-do-bico-vermelho (Phaethon aethereus) e do rabo-de-junco-do-bico-laranja (Phaethon lepturus). Entre as estratégias de conservação dessas espécies, elencadas no Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção, são consideradas prioritárias a obtenção de informações sobre a dinâmica populacional e a ecologia reprodutiva.
Essas aves marinhas ameaçadas fazem ninho em cavidades localizadas em rochas e paredões, sendo o acesso aos ninhos extremamente difícil. A equipe empregou técnicas de escalada e rapel, além de ter acessado diversas ilhas com dificuldade de desembarque, muitas vezes fazendo o percurso por mar, a nado, sempre com o auxílio dos bombeiros e apoio dos servidores do Parque Nacional (Parna) e Área de Proteção Ambiental (APA) de Fernando de Noronha e da Associação Vilavelhense de Proteção Ambiental (Avidepa) nas ilhas Itatiaia, no Espírito Santo.
Os resultados desse trabalho incluem o mapeamento de 99 ninhos das três espécies. Além de marcar com anilhas 62 aves marinhas e oceânicas ameaçadas, a equipe coletou de 42 indivíduos as amostras biológicas previstas em sua autorização. As amostras foram encaminhadas para instituições parceiras para estudos de sanidade animal, isótopos estáveis, poluentes, entre outros.
A continuidade do monitoramento dos ninhos dessas aves é recomendação do Plano de Ação Nacional e muitas informações ainda devem ser obtidas em relação às variáveis que afetam a reprodução dessas aves e a sua utilização dos ambientes marinhos e insulares. Devido à complexidade das atividades necessárias ao monitoramento dessas populações e dos altos custos com análises laboratoriais, o Cemave contou com o apoio de diversas instituições que trabalham com o tema a fim de viabilizar as ações do projeto.
Nas expedições de campo, a equipe contou com a participação de quatro servidores do Cemave, pesquisador do laboratório de aves aquáticas da Universidade Federal do Rio Grande (FURG), pesquisadora do Departamento de Patologia da Universidade Federal de São Faulo (FMVZ-USP) e de escalador profissional da Associação Paraibana de Escaladores, que forneceu apoio a todas as atividades de escalada que permitiram o acesso aos ninhos.
Fonte: EPTV