Pedra das Andorinhas torna-se nova unidade de conservação
Sexta-feira termina o Ano Internacional da Biodiversidade e Sobral entra na lista de cidades conservacionistas
Uma Unidade de Conservação de Proteção Ambiental foi criada no município de Sobral para abrigar as andorinhas que, na estação verão, se refugiam em uma pedra rochosa no Distrito de Taperuaba, distante 70km da sede. A nova unidade também vai preservar o Bioma Caatinga, que nesta região apresenta vegetação expressiva.
Com a criação, o local passa a ser denominado Refúgio de Vida Silvestre Pedra da Andorinha, e Sobral entra no rol dos municípios que buscam preservar ambientes de grande importância ecológica. A criação da referida área contribui para a promoção das ações voltadas para a preservação do Bioma Caatinga, que recebeu da Unesco o reconhecimento de Patrimônio da Humanidade, e tem o ano de 2010 como o Ano Internacional da Biodiversidade.
A área com quase 600 hectares servirá de proteção ambiental natural assegurando condições para a existência e reprodução de espécie, comunidade da flora e da fauna residente ou migratória, além de contribuir para a preservação da diversidade biológica e favorecimento de pesquisa e estudo de caráter biológico ou ecológico.
De acordo com Autarquia Municipal do Meio Ambiente (AMMA), responsável pela administração da Unidade de Conservação, será criado um Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente, para gerenciar as normas no que se refere à fiscalização. “O nosso trabalho será intensificado para coibir a utilização do solo, a caça e introdução de espécie de animais domesticados e que não sejam nativos”, explica o comandante da 3ª Companhia de Policiamento do Meio Ambiente (CPMA), sargento João Alberto.
De acordo com uma das moradoras mais antiga da região, a dona de casa Maria Lúcia França, a falta de fiscalização tem contribuído para o desmatamento da área que deveria estar bem mais preservada. “Ninguém aparece por aqui para ver como anda a situação. Há mais de um ano a Prefeitura anunciou a criação da unidade, mas não houve ainda a instalação de uma guarda florestal para cuidar da área”, disse Maria Lúcia, ao mesmo tempo em que denuncia que pessoas da redondeza soltam animais no local para pastagem. São ovelhas, cabras, bovinos e outros.
Para o morador Antônio Sidney, a criação da Unidade de Conservação está sendo prejudicial para quem mora na região. Ele diz que todos estão orientados a evitar a prática de caça. “Uma vez por outra a gente vinha aqui para caçar, agora não pode mais. O que a gente caçava era pra comer”, disse o agricultor Antônio Sidney.
Paredes rochosas
O Serrote das Andorinhas, como também é chamado, tem orifícios entre as paredes rochosas que servem de abrigos para as aves destas espécies. De acordo com o geólogo Célio Cavalcante, que esteve na região, lá são encontradas de 11 a 14 tipos de andorinhas brasileiras, três das quais apenas no verão. “Outra espécie costuma se refugiar no inverno aqui, e no verão migra para o sul rumo a Patagônia. É uma área geológica, que se caracteriza pelo afloramento de rochas graníticas, de textura predominante porfiroblástica, de coloração acinzentada, onde os cristais se encontram grandes e bem preservados”, descreve Célio Cavalcante.
A andorinha raramente dorme, apenas diminui o ritmo do metabolismo durante a noite. Tem tempo de sobra para fazer o que mais gosta: piar. Elas piam sem parar, ensurdecedoramente. E conseguem, no caso das de bico-amarelo, assustar os mais afoitos. Já as de bico-vermelho, corajosas, atacam o gavião-carcará, o inimigo número um dos seus ninhos. A dança das andorinhas, um espetáculo proporcionado pela natureza e que se repete todos os primeiros meses do verão, ocorre no Ceará de junho a julho, durante o termino do período chuvoso.
Os ovos, brancos, são chocados pelo casal, que dorme junto no ninho, fato incomum entre as aves. A incubação dura 15 dias em média. Os pais se revezam na alimentação dos filhotes, que começam a abandonar o ninho com cerca de um mês de vida. Após a reprodução, todas as espécies migram.
Mais informações
Autarquia Municipal do Meio Ambiente (AMMA)
Rua Gerardo Rangel, 285, Derby Club
SOBRAL, (88) 3611.2016
APA proíbe atividade de caça na Serra da Meruoca
Outra área de preservação ambiental e que merece destaque na região é a Área de Proteção Ambiental da Serra da Meruoca. Criada por força do Decreto Lei Federal 11.891, publicada em dezembro de 2008, também tem uma área de conservação com mais de 600 hectares que proíbe a captura de espécies raras, o uso de inseticidas e fertilizantes irregulares e a retirada de areia e material rochoso das encostas das bacias e dos rios da região.
A criação da APA da Meruoca teve como o objetivo garantir qualidade de vida para a população, conservação de suas florestas remanescentes e proteção dos recursos hídricos, a fauna e a flora silvestres. A APA da Meruoca representa a 300ª unidade de conservação e é gerenciada pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).
Abrange os municípios de Meruoca, Massapê, Alcântara e Sobral. Toda Área de Proteção Ambiental é caracterizada por ter um conjunto florestal remanescente da Mata Atlântica e atrai interessados na prática de esportes radicais.
Fonte: Diário do Nordeste