EnglishEspañolPortuguês

No CE, cresce número de animais marinhos encalhados

15 de agosto de 2014
3 min. de leitura
A-
A+

Dados disponibilizados pela ONG Aquasis revelam aumento no número de animais marinhos encalhados no Estado. Isso porque somente no primeiro semestre deste ano, já foram contabilizados 71% no número de encalhes, em relação ao total de casos do passado. Foram 27 encalhes na orla cearense neste ano, enquanto 2013 apresentou 38 casos de janeiro a dezembro.

Ainda de acordo com a ONG, existem 23 espécies que mais sofrem com o encalhe. As três que possuem maiores registros são: o boto cinza (Sotalia guianensis), o peixe-boi marinho (Trichechus manatus manatus) e a baleia cachalote (Physeter macrocephalus). A região onde mais acontece encalhes é o litoral leste do Estado. Isso acontece, explica a assessoria da ONG, devido ao maior número de projetos de resgate a animais marinhos na área, com destaque para a cidade de Aracati.

Na comunidade do Titanzinho, em Fortaleza, é bastante comum encontrar pequenas tartarugas marinhas na faixa de areia. Segundo o coordenador técnico do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Rolfran Ribeiro, “esse é um local onde as tartarugas sobem para fazer a desova”.

Como um verdadeiro guardião dessas espécies, o pintor gráfico e professor de surf, João Carlos Sobrinho, 46, conhecido como o Fera, resgata tartarugas que encalham na areia da praia. Ele conta que muitas delas aparecem machucadas.

“Cuido de muitas delas até que sejam capazes de viverem sozinhas. As que encalham por ferimentos, eu cuido até sararem. As que são muito pequenas e não conseguem entrar no mar, eu coloco em recipientes, dou alimento, até que elas fiquem do tamanho da palma da minha mão e consigam ficar submersas na água. Esse é o sinal que já estão prontas para vida selvagem”, relata Fera, que mora na comunidade há 35 anos.

Predatória

Ele conta, ainda, que a maior parte das tartarugas que aparecem na área encalham devido às redes de pesca predatória da lagosta. “São muitos casos. Já tive de entrar no mar e cortar redes de pesca para salvar tartarugas. E não para de aparecer. Somente em junho, contei mais de 15 tartarugas”. De acordo com o coordenador técnico do Ibama, Rolfran Ribeiro, a fiscalização desses animais na orla é feita constantemente pelo órgão.

O Projeto Tamar recebe tartarugas marinhas achadas na beira da praia. “Além do caso de se prenderem às redes de pesca, há outro muito comum, que é a ingestão de lixo e resíduos sólidos. Por isso, elas acabam encalhando”, explica o coordenador regional do projeto. A sede, que fica na cidade de Almofala, há mais de 200 km da Capital, conta com o apoio de instituições parceiras como a Superintendência Estadual do Meio Ambiente e o Centro de Triagem de Animais Silvestres (CETAS) do Ibama.

Peixe-boi resgatado sobrevive há um ano

A equipe do Projeto Manati, realizado pela ONG ambiental Aquasis, comemora, hoje, o aniversário da primeira paciente do novo Centro de Reabilitação de Mamíferos Marinhos da instituição. Batizada como Alva, a filhote de peixe-boi marinho foi encontrada encalhada, em Areias Brancas, Rio Grande do Norte, em agosto do ano passado. Após um ano de vida saudável, Alva poderá ser levada de volta para o seu habitat natural.

Muitos filhotes da espécie Trichetus manatus, o peixe-boi marinho, acabam encalhando facilmente no Ceará. Isso acontece devido à destruição das áreas de estuários e manguezais, o que obriga as fêmeas da espécie a darem à luz em mar aberto, ocorrendo, muitas vezes, a separação do filhote e da mãe. Incapaz de acompanhar a mãe, devido à pouca idade, o filhote acaba encalhando na costa. Outro motivo é a captura acidental pela pesca.

O Projeto Manati, iniciado em 2010 e focado na proteção do peixe-boi, mamífero marinho mais ameaçado de extinção no Brasil, construiu há um ano um centro especializado na reabilitação de peixes-bois na colônia ecológica do SESC, em Iparana.

Fonte: Diário do Nordeste

Você viu?

Ir para o topo