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CCZ/SP pode estar sacrificando os animais recolhidos

2 de novembro de 2009
7 min. de leitura
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Marli Delucca
[email protected]

No dia 08/10/2009, entrei no site do portal da Prefeitura de São Paulo, em busca do número de telefone do CCZ, para tentar auxiliar um cachorro atropelado que perambulava nas redondezas somente com 2 das suas 4 patas (1 estava cortada, sangrando e a outra pata estava dobrada), parecia estar até com problemas neurológicos pois não tinha muito controle sobre seu próprio corpinho. No portal da prefeitura (imagem abaixo), consta assim:

*ENTRE EM CONTATO COM O CCZ*

*CCZ – CENTRO DE CONTROLE DE ZOONOSES*

*CENTRAL DE ATENDIMENTO: 3397-8900 e 3397-8901*

*Plantão 24 horas (todos os dias da semana) 3397-8955 e 3397-8956*

Foto: Reprodução/ Cia de Furão
Foto: Reprodução/ Cia de Furão

No entanto quando liguei para os telefones do CCZ mencionados no site, os atendentes disseram que não poderiam atender a minha solicitação, e que eu deveria ligar no número 156. E então novamente disquei, agora para o telefone *156*, onde a atendente me fez uma série de perguntas como meu nome, meu endereço, meu RG, meu telefone, etc, etc, etc, e forneceu um prazo de 24 horas para que o animal fosse resgatado (Protocolo No. 872185).

No entanto, passadas as 24 horas, o animal continuava a cambalear e sangrar pelas ruas do bairro, onde diversos comerciantes da região (jornaleiro, padeiro, açougueiro, e outros) estavam aguardando as autoridades competentes que iriam resgatar o animal, e que não foram vistas por ninguém do bairro. Então, liguei novamente para o telefone 156, cobrando uma posição, e a informação foi a de que o CCZ havia vindo ao local e não havia encontrado o animal. Foi então que informei a atendente de que iria chamar as redes de TV, para desmascarar essa mentira, pois ninguém do CCZ apareceu, e a atendente então ficou preocupada quando percebeu que eu não ia deixar para lá. Ela começou a conferir os dados e disse então, que eles haviam se confundido e ido até o meu endereço residencial e não ao endereço da ocorrência.

Então novamente foi aberto um novo número de protocolo pela prefeitura de São Paulo. Eu deveria aguardar mais 24 horas pelo atendimento. Protocolo 8721825 e Protocolo 8724411 e Protocolo 872426.

A imagem abaixo, retirada do site da prefeitura, já demonstra que as atendentes da prefeitura não ouvem ou não anotam corretamente os dados, pois até o meu sobrenome está errado (Delucca virou Perluca).

Foto:Reprodução/ Cia de Furão
Foto:Reprodução/ Cia de Furão

Como se já não bastasse os erros de informação fornecidos pelo site da prefeitura, bem como os erros da atendente do chamado, recebi lá pelas 14:50, uma ligação de um funcionário do CCZ  (2221-7645 número identificado) de nome Erivaldo, que tentou a todo custo me convencer de que o CCZ havia estado na região e que não havia encontrado o cachorro ferido. Retruquei dizendo a ele que isso era uma mentira, já que moro e trabalho na mesma rua, conheço todos na região e ninguém tinha visto o CCZ nas imediações durante o dia todo. (Isso sem contar que estamos praticamente ao lado do CCZ – 5 minutos de carro, 1 estação de metrô).

Foi então que o funcionário do CCZ, começou a dizer que eles recolhiam em torno de 400 animais por dia e que se viessem buscar o cão ele seria sacrificado por não haver espaço no local. Perguntou se era isso o que eu queria (que o cão fosse sacrificado). Ele repetiu isso umas quatro ou cinco vezes, durante a nossa conversa.

Respirei fundo e me fiz de idiota (como se não soubesse dos direitos dos animais), e respondi o seguinte: ” Se eu fosse um cão atropelado e com dor, fome e frio, eu ia preferir adormecer quentinho para nunca mais acordar, do que sofrer lentamente com dor, fome, frio e abandonado para morrer nas ruas”.

Então o tal de Erivaldo-funcionário do CCZ/SP,  respondeu que iria dar prioridade ao caso e desligou. Deixei todos na rua de sobreaviso, mas até as 18h ninguém do CCZ/SP compareceu ao local para resgatar o animal.

Às 18h54 do dia 09/10/09,  o Sr. Erivaldo do CCZ/SP novamente me ligou para dizer que havia dado o meu número de telefone ao pessoal que viria resgatar o cão e que eles iriam me ligar quando chegassem ao local para comprovar a ocorrência. Novamente ninguém apareceu – nem neste dia, nem no dia seguinte, nem em qualquer outro dia. Quando liguei para tirar satisfações, a história se repetiu, me mandaram ligar para um telefone, depois para outro, e que vieram, não localizaram o animal, etc…etc…

Então, agora, fico me perguntando a quem recorrer quando nossos governantes nos fazem de idiotas e desobedecem a legislação vigente. Será que consideram que todos os munícipes são idiotas ou obtusos e acham que não sabemos a diferença entre o nosso endereço e o endereço de uma ocorrência de atropelamento? Que divulgam vários números de telefone, para depois informar que o atendimento não é por nenhum deles? Que concluem nossas solicitações da forma que mais lhe convier, sem permitir que concordemos ou discordemos de suas conclusões, que destorcem os fatos da realidade?

Além de tudo, se realmente o CCZ de São Paulo recolhe 400 animais por dia, por que há somente 88 animais para serem adotados no site do PROBEM?

http://www9.prefeitura.sp.gov.br/secretarias/sms/probem/

E por último, será então que a Lei Nº 12.916, de 16 de abril de 2008 do São Paulo (Projeto de lei nº 117/08, do Deputado Feliciano Filho – PV), sancionada por José Serra não está sendo cumprida?

O GOVERNADOR DO ESTADO DE SÃO PAULO: Faço saber que a Assembleia Legislativa decreta e eu promulgo a seguinte lei:

Artigo 1º – O Poder Executivo incentivará a viabilização e o desenvolvimento de programas que visem ao controle reprodutivo de cães e de gatos e à promoção de medidas protetivas,

Artigo 2º – Fica vedada a eliminação da vida de cães e de gatos pelos órgãos de controle de zoonoses, canis públicos e estabelecimentos oficiais congêneres, exceção feita à eutanásia, permitida nos casos de males, doenças graves ou enfermidades infecto-contagiosas  incuráveis que coloquem em risco a saúde de pessoas ou de outros animais.

Artigo 4º – O recolhimento de animais observará procedimentos protetivos de manejo

Artigo 6º – II – campanhas que conscientizem o público da necessidade de esterilização, de vacinação periódica e de que o abandono, pelo padecimento infligido ao animal, configura, em tese, prática de crime ambiental;

III – orientação técnica aos adotantes e ao público em geral para os princípios da tutela responsável de animais, visando atender às suas necessidades físicas, psicológicas e ambientais. Não vale de absolutamente nada dentro do município de São Paulo. Parece que não, pois vejam o que consta no site deles.

Pelo visto nem o Estado ou a Federação são respeitados pelo CCZ/SP;

Decreto lei N° 24.645, de julho de 1934

Art. 1. – Todos os animais existentes no País são tutelados do Estado.

Art. 3. – Consideram-se maus-tratos:

V – Abandonar animal doente, ferido, extenuado ou mutilado, bem como deixar de ministrar-lhe tudo o que humanitariamente se lhe possa prover, inclusive assistência veterinária;

VI – Não dar morte rápida, livre de sofrimento prolongado, a todo animal cujo extermínio seja necessário para consumo ou não;

Art. 16. – As autoridades federais, estaduais e municipais prestarão aos membros das sociedades protetoras de animais a cooperação necessária para fazer cumprir a presente lei.

Art. 18 – A presente lei entrará em vigor imediatamente, independente de regulamentação.

Getúlio Vargas.

Lendo e relendo a legislação existente, é fácil deduzir que o Centro de Controle de Zoonoses do Município de São Paulo abandona seus tutelados, doentes, feridos, extenuados e mutilados, à própria sorte, não só por não recolhê-los das ruas, como enganando seus munícipes que solicitam o resgate desses animais. Incide e reincide na prática de crime ambiental. Sugiro a todos que acompanhem mais atentamente as promessas dos políticos, e cobrem o cumprimento da legislação, seja ela para animais humanos ou não humanos.

Somos nós que pagamos pelos erros desta administração, com o bolso e com o coração quando acompanhamos o sofrimento desnecessário dos animais que vagam pelas ruas das cidades.

Felizmente, o cachorro foi socorrido por um rapaz da redondeza, que o levou a uma veterinária e depois o adotou para servir de guarda em uma empresa.

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