Por Vinicius Siqueira (da Redação)
Um casal foi surpreendido segunda-feira (14) enquanto andava pelas ruas da Vila Rezende em Piracicaba (SP) ao encontrarem um cão de porte médio amarrado pelo pescoço na avenida Mario Dedini. O cachorro, com uma corrente de metal presa ao pescoço, estava amedrontado e sem nenhum sinal de água ou comida por perto.
Antônio e Sônia Maria encontraram o cão durante uma caminhada pelo bairro e ligaram para o canil da cidade após darem um pouco de comida ao cão, mas ficaram perplexos pela resposta que receberam: de acordo com o canil, não era possível realizar resgate por não se tratar de uma situação de emergência, já que o cachorro não estava em risco de vida e nem era agressivo.
O casal contatou o Corpo de Bombeiros que, mesmo sem canil na sede, resgatou o animal. Ao tentar entrar em contato com o canil da cidade, o sargento Marcos disse que lhe deram duas opções, pegar o cão ou deixá-lo amarrado na rua. Os bombeiros deram água para o animal e, após ele se acalmar, o levaram para a sede do Corpo de Bombeiros. “Vamos levá-lo para a corporação, mas, lá não temos lugar para abrigá-lo”, disse Marcos.
“Eu fiquei indignado porque me disseram que não podiam fazer nada. Se eu quisesse poderia tirá-lo dali ou simplesmente abandoná-lo. Mas eles não são obrigados a cuidar dos animais? Qual o propósito do canil nesta cidade?” disse Antônio que, ao ver o a situação do cão, ligou imediatamente para o canil.
Denúncia
Após denúncia por omissão de socorro feita pelo casal, o canil aceitou o cachorro na terça-feira (15), quando foi transferido do Corpo de Bombeiros para os cuidados do Centro de Controle de Zoonoses da cidade.
Ao chegar no CCZ, o animal teve amostras de sangue retiradas e recebeu tratamento preventivo para verminoses, carrapatos, e pulgas. Segundo o Grupo RAC, o cão permanecerá em observação para que se evite qualquer tipo de doença.
Duas protetoras da cidade, Mônica Faria e Malú Maciel, acionaram o Ministério Público em denúncia da omissão de cuidados do CCZ de Piracicaba. Foi pedido um Termo de Ajustamento de Conduta para estabelecer mudanças ao Centro. Segundo Mônica Faria, é inadmissível que o CCZ se recuse à recolher um animal por ele “parecer” sadio. Já o Centro alega que sua função se limita a recolher animais com suspeita de doenças epidemiológicas (como raiva) que possa ser transmitida a seres humanos.
“Só de olhar um animal na rua não temos como saber se ele está bem ou não. É necessário que sejam feitos exames para diagnosticar a sua saúde”, diz Mônica. De acordo com a protetora, a situação dos animais em Piracicaba é pior do que se pode imaginar, já que inúmeros animais são abandonados pelas ruas.
O CCZ da cidade diz que não há espaço para a alocação do animal, o que dificultou aceitá-lo fora das condições necessárias para o seu acionamento, entretanto, para Mônica é necessário estudar alternativas. “Eles não podem simplesmente fechar os olhos e cruzar os braços para uma denúncia como essa”, disse.