Local estaria deixando de receber animais abandonados, função pela qual recebem recursos públicos
Mais uma vez, o CCZ (Centro de Controle de Zoonoses) de Bauru (SP) virou alvo de denúncias e reclamações. A queixa de agora é de falta de atendimento e de repasse de funções. O Centro estaria deixando de receber animais abandonados, com a alegação de lotação. Além disso, estaria indicando as ONGs que tratam da proteção dos animais como solução para os problemas.
A denúncia foi feita pela presidente da ONG Naturae e Vitae, Fátima Schoroeder, embasada pela presidente da ONG Vidadigna, Beatriz Schuler, e formalizada em Boletim de Ocorrência no 1º Distrito Policial.
Fátima, que cuida da ONG há oito anos, afirmou que tem recebido mais de cinco ligações diárias de pessoas que procuraram o CCZ para levar animais abandonados e foram orientadas a procurar a ONG, com a alegação de que o centro está lotado. “Acolher e cuidar dos animais abandonados é obrigação deles. Eles recebem recursos para isso”, comenta, indignada.
Sem muitos recursos, já que a ONG Naturae e Vitae tem a função de responsabilizar criminalmente quem comete maus-tratos contra os animais, e não de acolher animais abandonados, Fátima indica que as pessoas procurem meios de doar o animais ou então, faz o apelo de doação por si própria. “A gente tenta dar um jeito. Nessa situação sofrem os animais que não têm para onde ir e sofre a população que fica com as ruas cheias de bichos abandonados”.
Para onde eles vão?
A operadora de cobrança Ana Luiza Correia Lima, 21 anos, é testemunha no caso denunciado por Fátima. No dia 23 de dezembro, dois filhotes de gato apareceram em sua casa, no bairro São João da Bela Vista. Desde então, ela tem tentado falar no Centro.
Só conseguiu ser atendida nesta terça-feira (28) e ouviu a resposta de que o órgão não poderia ficar com os animais porque está lotado. “Eles me disseram isso e me orientaram a ligar para as ONGs”. Indignada, Ana Luiza procurou Fátima. As duas formalizaram a queixa em boletim de ocorrência no mesmo dia.
“Eu sempre achei que a função do CCZ era cuidar dos animais abandonados. Estou inconformada”, protesta.
Como tem dois cachorros, Ana Luiza não pode ficar com os filhotes que, então, não têm para onde ir. Os bichinhos foram, temporariamente, adotados por uma outra gata de rua que perambula pelo bairro, mas Ana Luiza se preocupa. “Nós estamos cuidando enquanto dá, mas vamos ter que arrumar outro jeito”, lamenta.
Muitos animais
A presidente da ONG Vidadigna Beatriz Schuler também confirmou a denúncia de Fátima e complementa: “Além de dizerem que estão lotados, dizem que a pessoa será autuada se deixar o animal lá. Ainda há casos em que a própria pessoa não quer deixar lá por medo de que eles matem os animais”. Há mais de 10 anos, a ONG Vidadigna tenta ajudar a recolher e cuidar dos animais abandonados, porém, Beatriz afirma que é um trabalho muito difícil. “A atitude do CCZ não está compatível com a realidade da situação. Nós precisamos de medidas de castração para os animais de rua, porque o abandono é muito grande. Eles são em muitos”, explica.
A opinião é a mesma de Fátima. “Enquanto a Prefeitura não tomar uma medida de castração dos animais, o problema não vai se resolver”, diz.
Fonte: Rede Bom Dia