Só nos Estados Unidos, mais de 100 mil cavalos utilizados com as mais diversas finalidades acabam nos matadouros a cada ano
Por David Arioch
Só nos Estados Unidos, mais de 100 mil cavalos utilizados com as mais diversas finalidades acabam nos matadouros a cada ano. São animais que um dia foram condicionados a participarem de corridas e espetáculos, ou usados como meio de transporte. Nem mesmo cavalos selvagens estão livres do abate. Qualquer um deles pode ter esse trágico fim, segundo a organização Humane Society International.
Tudo indica que apenas as organizações que se dedicam à proteção e resgate desses animais têm dimensão mais fiel dessa realidade. Até mesmo pessoas que um dia conviveram com cavalos como animais de companhia e, por motivos diversos, os enviaram para outro local, podem estar condenando-os a serem reduzidos a pedaços de carne.
Grupos de resgate de cavalos vão a leilões para dar lances que garantam que esses animais não sejam mortos. A maior parte dos compradores nesses locais não vê cavalos como indivíduos ou mesmo animais de companhia, mas somente carne, de acordo com a HSI.
Embora os Estados Unidos não seja exatamente um consumidor de carne de cavalo, a legislação do país favorece a exportação dessa carne para países onde esse consumo não é tão incomum – como França, Itália, Bélgica e Japão. Além do triste fim imposto a esses animais, outro problema costumeiramente apontado é que muitos cavalos recebem muitas drogas ao longo da vida – e isso também ajuda a reforçar os riscos do consumo de carne de cavalo.
Cavalos ainda saudáveis condenados à morte nos Estados Unidos, normalmente são encaminhados para matadouros no México ou Canadá. Não há específicos matadouros de cavalos nos EUA, mas há uma indústria fazendo lobby para tentar favorecer esse mercado.
Segundo a especialista em equinos da Humane Society, Valerie Pringle, quando os cavalos são condenados ao abate, antes eles passam pelos mais diversos tipos de violência, que incluem arrastá-los, chicoteá-los e misturá-los com animais de outras raças em pequenos espaços – o que pode gerar confronto entre eles e resultar em brigas e ferimentos.
Valerie avalia que isso é resultado dos cavalos serem vistos apenas como pedaços de carne. “Enviar um cavalo para uma morte desumana em um matadouro não é a maneira mais barata de acabar com a vida de um cavalo – é a maneira mais gananciosa”, critica.
Investigações da HSI já revelaram que nos matadouros mexicanos e canadenses é comum cavalos serem esfaqueados inúmeras vezes no pescoço até cortarem sua medula espinhal, deixando-os paralisados e incapazes de respirar. O cavalo é içado, sangrado e cortado, muitas vezes ainda consciente e capaz de sentir tudo.
O senador vegano Cory Booker, um dos pré-candidatos do Partido Democrata, está prometendo criminalizar a exportação de cavalos com fins de consumo se for eleito presidente em 2020. Segundo Booker, a forma como tratamos os animais é um teste do nosso caráter e diz muito sobre o nível de compaixão da nossa sociedade.
No Brasil, deputado defende abate de cavalos
Em agosto, durante discussão na Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Câmara dos Deputados, o deputado Pedro Lupion (DEM-PR) se manifestou contra um projeto de lei que prevê proibição do abate de equinos, equídeos, mulas e jumentos em todo o Brasil.
“O abate de equinos descartados, afastados do trabalho ou da reprodução é uma medida aconselhável do ponto de vista humanitário e também sanitário, por reduzir o risco de seu abandono e descuido na velhice, e dessa forma evitar que passem fome ou se tornem vetores de doenças”, justificou em seu voto.
E acrescentou: “Além disso, o aproveitamento industrial da carne, da pele e de vários outros subprodutos de equídeos alvo de descarte gera algum valor de mercado para esses animais e permite que os proprietários rurais, que não disponham de pastagens ou condições econômicas para os acolher e cuidar de forma adequada, obtenham algum capital para a reposição do plantel ou mesmo para o suporte familiar.”
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