Cavalos serão explorados em pesquisas semelhantes realizadas em Minas Gerais e no Rio de Janeiro. O objetivo dos pesquisadores é criar um soro hiperimune a partir dos anticorpos retirados do sangue de cavalos expostos, de maneira controlada, ao vírus inativo.
No Rio de Janeiro, a pesquisa será realizada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), em parceria com o Instituto Vital Brazil (IVB), a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), a Universidade Federal Fluminense (UFF) e o Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino (IDOR), com apoio da Faperj, do CNPq, da Capes e da Finep. Os dez primeiros cavalos terão o vírus injetado nesta semana.
Segundo informações do jornal GaúchaZH, caso o sistema de defesa dos cavalos produza anticorpos, eles serão analisados pelos cientistas do Laboratório de Virologia Molecular da UFRJ para que se descubra se esses anticorpos conseguirão impedir a multiplicação do coronavírus e se a quantidade de anticorpos produzida pelos cavalos é suficiente.
Não se sabe, porém, se a pesquisa obterá sucesso – caso obtenha, os anticorpos serão usados no medicamento contra a Covid-19. Essa incerteza, porém, expõe mais uma realidade da pesquisa científica: animais são explorados sem que sequer exista qualquer certeza sobre eficácia.
O médico norte-americano Ray Greek já alertou: “a pesquisa científica com animais é uma falácia”. Sem qualquer compromisso com a causa animal, o especialista milita contra os testes por acreditar que eles atrasam o desenvolvimento da ciência. “A falácia nesse caso é de que devemos testar essas drogas primeiro em animais antes de testá-las em humanos. Testar em animais não nos dá informações sobre o que irá acontecer em humanos. Assim, você pode testar uma droga em um macaco, por exemplo, e talvez ele não sofra nenhum efeito colateral. Depois disso, o remédio é dado a seres humanos que podem morrer por causa dessa droga. Em alguns casos, macacos tomam um remédio que resultam em efeitos colaterais horríveis, mas são inofensivos em seres humanos. O meu argumento é que não interessa o que determinado remédio faz em camundongos, cães ou macacos, ele pode causar reações completamente diferentes em humanos. Então, os teste em animais não possuem valor preditivo. E se eles não têm valor preditivo, cientificamente falando, não faz sentido realizá-los”, explicou o médico, em entrevista à Veja.
Em Minas Gerais, um estudo semelhante será realizado pela Fundação Ezequiel Dias (Funed). A pesquisa foi aprovada pelo Programa Emergencial de Apoio a Ações de Enfrentamento da Pandemia Causada pelo Novo Coronavírus, da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig). Cinco cavalos serão explorados num primeiro momento.
Nota da Redação: animais existem por propósitos próprios, não para atenderem às necessidades humanas. Submeter um animal a qualquer que seja o procedimento, havendo ou não sofrimento físico e psicológico, apenas para beneficiar as pessoas, é uma prática exploratória. Essas atividades não beneficiam os animais de nenhuma maneira. Sem condição de consentir, eles são forçados a participar de estudos para solucionarem problemas que são de responsabilidade da sociedade, não dos animais.